Docente na Universidade Católica aborda conflito que se prolonga há três meses
Lisboa, 23 mai 2022 (Ecclesia) – Mendo Castro Henriques, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), disse ter ficado “surpreendido” com a invasão da Rússia à Ucrânia, questionando a “brutalidade” e “estupidez” do conflito que dura há três meses.
“Não é uma guerra entre duas nações, entre a Rússia e a Ucrânia, isso é um grande equívoco nas notícias habituais, por isso é que a Rússia lhe chama uma operação militar especial”, refere à Agência ECCLESIA.
“O que está a acontecer é uma guerra de princípios e não uma guerra de nações”, acrescenta.
O entrevistado, que já esteve em Kiev (Ucrânia) e Moscovo (Rússia), confessa-se como “admirador da cultura russa”, mas afirma que Vladimir Putin atua com “a repressão interna e a agressão externa”.
“Putin fez sempre as mesmas coisas, foi assim que ele começou a sua vida política, com atentados identificados, os famosos atentados dos apartamentos e das explosões que foram feitos pelos serviços secretos porque há provas contundentes disso mesmo”, indicou.
A cultura e o modo de “operar dos russos” é, segundo Mendo Castro Henriques, “diferente” da forma de atuar dos ocidentais.
“Eles conseguem pensar duas vezes ao mesmo tempo” e “depois farão avançar a via que for mais útil”, acentuou o convidado do Programa ECCLESIA, emitido esta segunda-feira na RTP2.
Para o professor universitário, os “falhanços dos russos” na guerra com a Ucrânia são “notórios”, fruto de “100 anos de regime que desresponsabilizou as pessoas” e concentrou as esferas de decisão nas altas patentes.
Mendo Castro Henriques afirma que o presidente da Rússia tem um “papel completamente despótico”, apontando que o seu eventual sucessor se situe entre os “próprios putinistas que vivem do regime.
O entrevistado critica ainda a “proximidade” entre Putin e a Igreja Ortodoxa Russa, falando num “paganismo cristão que está completamente ao serviço e está instrumentalizado pela política”.
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