Fase diocesana contou com respostas de dois terços das paróquias, apontando cinco áreas de «conversão» para a Igreja Católica
Lisboa, 14 mai 2022 (Ecclesia) – A equipa diocesana de Lisboa do Sínodo 2021-23, convocado pelo Papa Francisco, anunciou hoje que 15 mil pessoas participaram na “caminhada sinodal”, com respostas de 64% das 285 paróquias locais.
Os dados foram avançados esta manhã, na Assembleia Diocesana Pré-Sinodal que decorreu no Centro de Espiritualidade do Turcifal.
A comissão que acompanhou o processo, no Patriarcado de Lisboa, destacou o “entusiasmo dos participantes” e “o desejo de continuidade do processo sinodal”, bem como “o compromisso com a reflexão da comunidade” e “a importância de caminhar em conjunto”.
“Mais preocupante, franco ou nulo, a adesão da sociedade civil”, indicam os responsáveis, numa nota divulgada online.
No total, foram “recebidas e validadas 191 respostas ou sínteses paroquiais e de outras realidades eclesiais”, incluindo, além das paróquias, movimentos, reitorias e capelanias, colégios e “outras realidades”, envolvendo “mais de 1700 grupos sinodais”.
Estes contributos, pode ler-se, destacaram “cinco áreas” em que “a Igreja necessita de conversão”.
|
A assembleia começou com uma Missa presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, para quem o caminho sinodal é a única maneira de “aprender o que Deus é”.
“Quem não ama, não conhece a Deus. Amar é viver, trabalhar, sonhar com os outros. Se queremos a vida eterna, então comecemos por fazer Sínodo”, frisou D. Manuel Clemente, citado pela página online do Patriarcado de Lisboa.
O responsável refletiu sobre o sentido da palavra ‘reforma’ quando aplicada à Igreja e que é, muitas vezes, referida nos sínodos.
“Reforma significa retomar a forma inicial. É isso que a palavra ‘reforma’, no seu sentido teológico, eclesiológico, autêntico, significa. É assim que se tem dito ao longo de muitas ocasiões – e até séculos – desta caminhada em conjunto, ao longo de mais de dois mil anos”, observou, perante os representantes das “instâncias mais representativas da diocese”.
Para D. Manuel Clemente, esta reforma é “sempre sinodal, um caminho em conjunto”.
“Retomar a forma inicial, passa necessariamente por aqui e não é em abstrato, mas no concreto, de nós não trabalharmos sozinhos”, sublinhou D. Manuel Clemente.
O programa incluiu seis testemunhos num painel sobre vivências da fase diocesana do caminho sinodal no Patriarcado.
Numa intervenção que teve lugar após a votação da Síntese Diocesana do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, D. Manuel Clemente destacou “cinco fatores” como chave de leitura deste documento que vai estar disponível online, nos próximos dias. Acolhimento: “Esta palavra ‘acolhimento’ e aquilo que ela significa é o que faz a ligação entre aquilo que é a religiosidade difusa – que toda a gente tem e que ainda agora apareceu magnificamente em Fátima – e uma participação ativa, consciente e responsável na vida das comunidades. A articulação destas duas realidades faz-se através do acolhimento”. |
A primeira fase do processo sinodal lançado pelo Papa, em outubro de 2021, chega ao fim este mês, com as várias dioceses portuguesas a ultimar uma síntese do trabalho realizado a nível local, que vão entregar à Conferência Episcopal.
OC
A síntese diocesano foi publicada, online, a 16 de maio, pelo Patriarcado de Lisboa, destacando que “a adesão dos participantes mostra a necessidade de a Igreja repensar a forma de efetivar a sua presença no concreto da vida das pessoas”.
O texto sublinha, no seu ponto 10, que o “clericalismo, quer dos sacerdotes, quer dos leigos, se mostra como um dos principais perigos da vida eclesial”. “Esta caminhada sinodal veio mostrar como é necessário assumir o compromisso com a vida cristã de forma renovada: quer seja nas atividades e funções propriamente eclesiais, quer seja na tarefa quotidiana de ser cristão na família, no trabalho, no estudo, na política e nas outras realidades seculares. Isto traduz-se nos resultados dos fatores que merecem conversão na vida da Igreja, sendo que os cinco mais assinalados foram: o acolhimento; o trabalho conjunto e a construção de comunidade; a nova evangelização e comunicação; o diálogo; e o testemunho da vida cristã”, pode ler-se. |