Delegação de Portugal participou no encontro realizado na Abadia de St. Ottilien, na Baviera
Lisboa, 04 mai 2022 (Ecclesia) – A Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC), organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, participou no encontro anual do Comité Católico Internacional para os Ciganos (CCIT), na Baviera (Alemanha), e que teve como tema ‘a hospitalidade mútua’.
“O CCIT vive a dimensão da espiritualidade do acolhimento, que permite construir uma relação de amizade baseada num verdadeiro intercâmbio, em pé de igualdade entre Ciganos e Gadgé. Esforça-se por manifestar e por viver a mensagem do Evangelho que encoraja a acolher os outros, sobretudo aqueles que são os mais frágeis na sociedade, como ‘encarnações vivas de Cristo’”, assinalou o cardeal Michael Czerny, presidente interino do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé), numa mensagem ao encontro, divulgou hoje a ONPC, no jornal ‘Caravana’.
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, o diretor-executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, Francisco Monteiro, recorda que aquele responsável assinalou que os membros do Comité Católico Internacional para os Ciganos “esforçam-se por construir pontes entre dois mundos culturais diferentes”, na tentativa de construir uma comunidade em que “a hospitalidade e a fraternidade cristãs universais que são proclamadas se tornem verdadeiramente realidade”.
“Isso exige também que as comunidades de fiéis pratiquem diferentes formas de hospitalidade e de acolhimento para com os ciganos que chegam”, observou o cardeal Michael Czerny.
O encontro anual do CCIT realizou-se de 22 a 24 de abril, na Abadia de St. Ottilien, na Baviera (Alemanha) e contou com a presença de uma delegação de Portugal, constituída por pessoas da ONPC e das Dioceses de Lisboa, Porto e Vila Real.
‘Somos Ciganos e estamos sedentos de hospitalidade’ foi o tema da conferência principal do encontro, apresentada pelo anterior secretário-geral do Dicastério para o Desenvolvimento Integral, monsenhor Bruno Marie Duffé, especialista em Doutrina Social da Igreja, que recordou os quatro verbos do Papa Francisco: “Acolher, proteger, promover, integrar”.
Francisco Monteiro, no seu editorial da mais recente edição (104) do jornal ‘Caravana’, publicado hoje online, assinala que esse espaço é muitas vezes usado para alertar para as “injustiças que tão frequentemente são cometidas contra as pessoas e as populações ciganas”, mas, desta vez, condena “os crimes hediondos que foram cometidos em janeiro contra profissionais de saúde no Hospital de Famalicão”.
“E particularmente para exortar as Associações de ciganos a atuar e a levantar a voz para que lamentáveis situações como estas não só não se repitam, como não seja possível que o enquadramento em que ocorreram possa voltar a provocá-las. Infelizmente só existe atualmente em Portugal um mediador hospitalar cigano, no Hospital de D. Estefânia em Lisboa”, acrescentou.
No editorial de ‘Lições, reconhecimento’, o diretor-executivo da Obra da Pastoral dos Ciganos, setor da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, também alerta para a realidade do acolhimento, através da tentativa do desalojamento de uma família cigana do “acampamento em que sobrevivia”.
CB/OC