Secretário-geral da ONU acolhe proposta de Francisco e apela a «trégua pascal»
Cidade do Vaticano, 20 abr 2022 (Ecclesia) – O Papa agradeceu hoje no Vaticano a todos os que acolhem os refugiados da guerra na Ucrânia, em particular à Polónia, sublinhando a importância de mostrar “misericórdia” a quem sofre.
“No domingo celebraremos a festa da Divina Misericórdia. Cristo ensina-nos que o homem não só experimenta a misericórdia de Deus, mas também é chamado a mostrá-la ao seu vizinho. Estou particularmente grato pela vossa misericórdia a tantos refugiados da Ucrânia, que encontraram portas abertas e corações generosos na Polónia”, disse aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.
Francisco pediu ainda orações “pela paz e pelo conforto de todas as famílias que sofrem com as guerras no mundo”.
Esta terça-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou a uma trégua de quatro dias na guerra na Ucrânia, durante o período da Páscoa, uma ideia lançada a 10 de abril pelo Papa Francisco.
“Peço aos russos e ucranianos que silenciem as armas e criem um caminho para a segurança de tantos em risco imediato. O período de quatro dias da Páscoa deve ser um momento de união para salvar vidas e promover o diálogo para acabar com o sofrimento na Ucrânia”, referiu o responsável português.
As comunidades católicas e ortodoxas de rito bizantino seguem o calendário juliano e celebram a Páscoa, este ano, a 24 de abril.
O objetivo da trégua é permitir a abertura de corredores humanitários para a saída da população civil das zonas de conflito.
“Salvem vidas. Parem o derramamento de sangue e destruição. Abram uma janela para o diálogo e a paz”, declarou António Guterres.
O secretário-geral da ONU conversou esta terça-feira, por telefone, com o arcebispo-mor de Kiev, D. Sviatoslav Shevchuk, chefe da Igreja Greco-Católica Ucraniana, para informá-lo do seu pedido de um cessar-fogo de Páscoa na Ucrânia.
Segundo nota do Departamento de Informação da Igreja Greco refere o pedido inicial de Francisco, para que todos os cristãos possam celebrar pacificamente a Páscoa.
Esta segunda-feira, o Conselho das Igrejas e Organizações Religiosas da Ucrânia apelou, em comunicado, à abertura de corredores humanitários em Mariupol, denunciando uma situação de “catástrofe”.
O conselho inter-religioso diz-se pronto para ajudar na operação, “a fim de evitar quaisquer provocações no processo de entrega de ajuda humanitária e evacuação de civis”.
Os episcopados católicos da União Europeia (COMECE) e a Conferência das Igrejas Cristãs (CEC) enviaram uma carta aos presidentes da Rússia e da Ucrânia, para pedir um cessar-fogo nas celebrações da Páscoa, de 17 a 24 de abril.
“Esta trégua seria benéfica para os cidadãos dos dois países, oferecendo-lhes uma pausa da incerteza preocupante sobre a vida dos seus entes queridos que estão a lutar nos conflitos e são afetados por estes”, refere o texto.
Os apelos acontecem numa altura em que a Rússia iniciou uma nova ofensiva para conquistar o Leste da Ucrânia; vários edifícios religiosos têm sido danificados, durante a guerra iniciada a 24 de fevereiro.
A igreja da Transfiguração da eparquia de Kharkiv, na Ucrânia, foi atingida durante os bombardeamentos contra a cidade, na noite entre 17 e 18 de abril; este é um edifício da Igreja Ortodoxa ligada ao Patriarcado de Moscovo.
Já a 4 de abril, o exército russo atingiu a Igreja Ortodoxa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, também ligada ao Patriarcado de Moscovo, na região de Kharkiv.
OC
