Que papel para as mulheres na Igreja?

D. Carlos Azevedo, Bispo Auxiliar de Lisboa e secretário da CEP, considera que a reflexão sobre o lugar da mulher na Igreja “requer abertura de horizontes aos sinais dos tempos”. Este especialista em História da Igreja falava nas Jornadas de Teologia 2007 promovidas pelo Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET) de Coimbra. A iniciativa, decorrida entre 23 e 24 de Março, teve como tema “A Mulher e a Igreja: perspectivas para o século XXI”. Para D. Carlos Azevedo, “os contributos originais do masculino e do feminino, nas suas diferenças, ajudam a ampliar a missão evangelizadora da Igreja, sem a reduzir aos sacramentos”. Segundo este responsável, “um certo ensino da Igreja ainda reduz a mulher a esposa amante e mãe sacrificada”. “Uma parcial teologia do serviço contribui para manter muitas mulheres cristãs em estado de inferioridade, com ausência de reconhecimento das suas capacidades”, lamentou. Nesse sentido, o Bispo Auxiliar de Lisboa considera que “a reflexão teológica feita no feminino favorecerá visões, possibilidades e estratégias alternativas, de que a Igreja anda tão necessitada”. “Não basta apreciar o génio da mulher na vida social e eclesial. Essa hora já chegou. É pouco aprofundar o sentido da dignidade da mulher e do homem criados à imagem e semelhança de Deus. Já chegou essa hora. A mulher participa activamente na Igreja não só no silêncio e de modo invisível, mas com papel relevante como construtoras de teologia”, disse. D. Carlos Azevedo considera que “a mulher tem a capacidade inata privilegiada para fazer que a Igreja seja visivelmente o espaço de vida, quente, receptivo, de portas acolhedoras”. Falando de um “profetismo feminino da mãe Igreja”, o prelado apontou para a necessidade de se passar “a uma civilização da ternura”. “Começa a ser hora para olharmos nos olhos de cada fiel homem e mulher para nos descobrirmos e criarmos comunhão sem domínio. Olharmo-nos em silêncio, com transparência e esperança, conscientes das igualdades e das diferenças, para, na riqueza de homens e mulheres, servirmos a cultura da vida, o diálogo inter-religioso, o serviço da caridade contra a pobreza, a defesa da ecologia”, apontou. Quanto às críticas muitas vezes dirigidas contra a Igreja, por causa da subalternização das mulheres, D. Carlos Azevedo indicou que “a Igreja, sendo Mistério, criada por desígnio divino no mistério trinitário, não reduz a sua missão a critérios e decisão política como um sistema democrático. Se se perde a sua mística, perde-se o mistério e o sentido”. Por isso, observou, “quando a Igreja desatende a sua missão feminina, o que é grave não é o estar em desacordo com a moda dos tempos, mas antes o ser infiel à sua verdade interior”.

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