Família: «Amoris Laetitia» abriu as comunidades a católicos recasados que desejam clarificar o acesso aos sacramentos

Casal valoriza o trabalho do grupo «Reparar» criado antes do documento do Papa Francisco publicado há seis anos

Lisboa, 08 abr 2022 (Ecclesia) – Soledade Carvalho Duarte e João Virott da Costa afirmam que a  ‘Amoris Laetitia’ abriu as portas da comunidade cristã às famílias que vivem numa segunda união, referindo que é necessário clarificar o “acesso dos recasados aos sacramentos”.

“Persiste ainda a ideia de que o acesso à comunhão é um prémio de bom comportamento, só para os certinhos e que fizeram todo o caminho bem feito”, afirmou João Virott da Costa.

Em declarações à Agência ECCLESIA, emitidas no programa Ecclesia desta sexta-feira, no dia em que se assinalam seis anos da publicação da exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’, sobre “o amor na família”, Soledade e João consideram há um novo olhar da Igreja de “acolhimento e abertura” em relação aos casais recasados.

Soledade Carvalho Duarte e João Virott da Costa viveram um primeiro casamento e vivem agora os dois uma segunda relação familiar.

“Quando o meu primeiro casamento ruiu, senti-me bastante perdida sem saber qual seria a minha posição na Igreja”, afirma Soledade Carvalho Duarte referindo-se à primeira relação familiar, recordando o acompanhamento, na altura, que surgiu por intermédio do pároco de Santa Isabel, em Lisboa.

Com o apoio do padre José Manuel Pereira de Almeida, iniciam o grupo ‘Reparar’ para cuidar do sofrimento de outras pessoas em situação semelhante e possibilitar-lhes um caminho em Igreja.

“Para rezarmos juntos, para chorarmos juntos, para descobrir o que Deus nos queria ensinar com esta nossa nova fase da vida”, indica, lembrando que alguns destes casais conseguiram a declaração de nulidade do seu casamento anterior, que lhes permitiu a celebração do matrimónio da segunda união.

“Já fomos ao casamento religioso de três destes casais o que para nós é muito gratificante”, afirma Soledade.

João Virott da Costa reconhece que este grupo foi também essencial para mudar a sua imagem de Igreja, dominada por uma atitude de alguma “rebeldia e olhar ingénuo”, como reconhece.

 “Nós chegámos a pertencer a grupos de oração onde as pessoas estavam incomodadas com a nossa situação e saímos”, diz João Virott da Costa, para quem grande parte dos sacerdotes já terá feito um caminho nesta matéria, mas “falta ainda algum caminho à comunidade cristã”.

Soledade Carvalho Duarte identifica ainda como consequência positiva da ‘Amoris Laetitia’, a menor atividade que se regista no grupo ‘Reparar’, considerando que a exortação apostólica veio agilizar práticas pastorais de acolhimento, com os casais a terem agora itinerários de reconciliação disponíveis nas suas comunidades.

João admite que o grupo Reparar também precisa também de evoluir, nomeadamente para dar atenção a “outros problemas na vida dos recasados, como a questão dos filhos, a questão dos enteados, que são situações de gestão complexa nos casais recasados”

A ‘Amoris Laetitia’ foi publicada a 8 de abril de 2016 pelo Papa Francisco, em resultado das propostas de duas assembleias do Sínodo dos Bispos (2014 e 2015) e dos inquéritos aos católicos de todo o mundo sobre a família.

HM/PR

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Agência ECCLESIA

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