O Bispo de Cabinda, D. Filomeno Vieira Dias, denunciou ontem em Luanda a existência da delinquência infantil e a corrupção nas escolas angolanas, defendendo o seu combate pela sociedade, especialmente pelas famílias. «A escola tem dois problemas que nos preocupam muitíssimo, um dos quais é a criminalidade infantil nas escolas e outro é a corrupção na própria escola», salientou D. Filomeno Vieira Dias. Segundo o prelado, «as famílias devem ser sensibilizadas para este tema da corrupção», embora concorde que isso pareça difícil. «Acho que os pais têm medo de se organizar», desabafou o Bispo de Cabinda. «No dia em que os pais se organizarem, deixarem de colaborar com esta mentalidade da corrupção no ambiente escolar, acreditamos que vamos acabar com a corrupção na escola», afirmou. Nesse sentido, considerou ser necessário criar «um sistema forte, mecanismos e leis fortes que possam de uma vez por todas terminar com o que está atacando todo o sistema escolar e educacional». D. Filomeno Vieira Dias falava à Rádio Ecclesia, emissora católica angolana, à margem dos trabalhos da assembleia anual da Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST), que decorre até amanhã na capital angolana. Os bispos católicos nesta reunião abordaram ontem a questão do congresso das escolas católicas que irá decorrer brevemente e cujo tema principal é: “A Família e a Escola: Juntos a Educar”. «É um tema actual para a nossa sociedade. Trata-se da escola e da família, dois espaços vitais de humanização e de personalização das pessoas», afirmou o bispo. «São como que dois viveiros que articulam o sujeito e o indivíduo e acreditamos que neste processo de reconstrução nacional nós devemos partir naturalmente do homem e da pessoa», adiantou. De acordo com o Bispo de Cabinda, «há necessidade de criar esta combinação, esta parceria estreita », aproximando «a escola da família e a família da escola» para que os estabelecimentos de ensino de Angola «funcionem verdadeiramente e se ultrapasse esta distância ou este divórcio entre a família e a escola».