Presidente-executivo da AIS destinou um milhão de euros para ajudar a Igreja que trabalha junto dos refugiados, em orfanatos e lares de idosos
Lisboa, 02 mar 2022 (Ecclesia) – D. Stanislav Shyrokoradiuk, bispo latino de Odessa, a sul da Ucrânia, disse que a situação “é crítica”, que as pessoas vivem no imediato, mas que ninguém pensa em abandonar as populações locais.
“Estamos a viver no aqui e agora, e a situação é crítica, mas vamos ficar e pedimos as vossas orações”, afirmou o responsável, em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), enviadas à Agência ECCLESIA.
O comunicado regista que a ajuda “começou a chegar” vinda de países vizinhos, mas que “a situação se mantem difícil”, num cenário que se multiplica por todo o país.
Em Odessa, cidade costeira situada no mar Negro, onde se situa o mais importante porto comercial, foi alvo de bombardeamentos, o que, regista o comunicado, “veio agravar a falta de produtos básicos, como pão e combustível”.
O presidente-executivo da AIS destinou um milhão de euros para ajudar os padres e religiosas que trabalham com refugiados, em orfanatos e em lares para idosos em todo o país.
À cidade de Lviv, no ocidente a fazer fronteira com a Polónia, tem chegado “um grande fluxo de refugiados”.
A Irmã Natália, da ordem greco-católica da Sagrada Família, manifestou o seu agradecimento à AIS, que tem ajudado no acolhimento de mulheres e crianças.
“Graças à ajuda do mundo, a Ucrânia resiste, e acreditamos que sobreviverá. Temos ajudado os deslocados, fornecendo ‘bunkers’ de proteção para ataques aéreos, e acolhendo pessoas, especialmente mulheres e crianças. A maioria vai para o estrangeiro, mas aqui eles têm a oportunidade de descansar connosco. E rezamos juntos. Obrigado por tudo”, manifesta a religiosa no comunicado.
O padre Justyn, na cidade de Kamianets-Podiskyi, no centro do país, dá conta da experiência “dura de fuga”.
“Levei oito horas a percorrer 150 quilómetros. As estradas estavam cheias de pessoas que se dirigiam para o Oeste. Engarrafamentos, filas nas lojas, nas farmácias e postos de gasolina. As pessoas têm medo porque não sabem o que vai acontecer. Muitos amigos ligaram a perguntar porque é que a Ucrânia tem de aturar tanto mal. Alguns querem confessar-se, mas não posso fazê-lo por telefone. Tudo o que posso dizer é «reconcilie-se com Deus, arrependa-se, peça perdão sinceramente e Ele vai ouvir»”, conta à AIS.
Os seminaristas de Vorzel, nas imediações de Kiev, foram evacuados para outra diocese.
“ Tem havido combates naquela zona e foram enviadas imagens que mostram danos nas paredes do seminário, causadas por artilharia e mísseis. As comunidades religiosas tiveram de tomar medidas para se protegerem, têm passado as noites nas caves e desligado as luzes das casas para não mostrarem qualquer sinal de atividade”, regista Magda Kaczmarek, diretora de projetos da Fundação AIS para a Europa de leste.
Por todo o lado se improvisam «bunkers» nas caves dos edifícios para as pessoas se protegerem.
Em Kharkiv, antes ainda do violento ataque de ‘rockets’ q ue provocou a morte a 21 pessoas, o bispo D. Pavlo Honcharuk dava conta da intensidade dos bombardeamentos, mas registava à AIS a ajuda recebida e a “onda solidária que mobiliza milhares de pessoas no mundo inteiro em favor da Ucrânia”.
LS