Covid-19: Papa alerta para agravamento das condições laborais

Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2022 dedica atenção particular ao mundo do trabalho

Cidade do Vaticano, 21 dez 2021 (Ecclesia) – O Papa manifestou a sua preocupação com o agravamento das condições laborais, por causa da Covid-19, na mensagem para o Dia Mundial da Paz 2022, divulgada hoje pelo Vaticano.

“A pandemia de Covid-19 agravou a situação do mundo do trabalho, que já antes se defrontava com variados desafios”, escreve Francisco, num texto intitulado ‘Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura’.

A mensagem destaca o impacto da pandemia em “milhões de atividades económicas e produtivas”.

“Os trabalhadores precários estão cada vez mais vulneráveis; muitos daqueles que desempenham serviços essenciais são ainda menos visíveis à consciência pública e política; a instrução à distância gerou, em muitos casos, um retrocesso na aprendizagem e nos percursos escolásticos”, pode ler-se.

O Papa alerta para as consequências particularmente “devastadoras” da atual crise “na economia informal, que muitas vezes envolve os trabalhadores migrantes”.

“Muitos deles – como se não existissem – não são reconhecidos pelas leis nacionais; vivem em condições muito precárias para eles mesmos e suas famílias, expostos a várias formas de escravidão e desprovidos dum sistema de previdência que os proteja”, indica.

“Além disso, os jovens que assomam ao mercado profissional e os adultos precipitados no desemprego enfrentam hoje perspetivas dramáticas”, acrescenta.

Francisco destaca que apenas um terço da população mundial em idade laboral goza dum sistema de proteção social.

“Devem ser estimuladas, acolhidas e sustentadas as iniciativas, a todos os níveis, que solicitam as empresas a respeitar os direitos humanos fundamentais de trabalhadoras e trabalhadores, sensibilizando nesse sentido não só as instituições, mas também os consumidores, a sociedade civil e as realidades empresariais”, realça.

Em muitos países, crescem a violência e a criminalidade organizada, sufocando a liberdade e a dignidade das pessoas, envenenando a economia e impedindo que se desenvolva o bem comum. A resposta a esta situação só pode passar por uma ampliação das oportunidades de trabalho digno”.

A mensagem sustenta que o trabalho é “um fator indispensável para construir e preservar a paz”.

“Temos de unir as ideias e os esforços para criar as condições e inventar soluções a fim de que cada ser humano em idade produtiva tenha a possibilidade, com o seu trabalho, de contribuir para a vida da família e da sociedade”, apela.

O Papa destaca a importância de promover em todo o mundo “condições laborais decentes e dignas, orientadas para o bem comum e a salvaguarda da criação”.

“É necessário garantir e apoiar a liberdade das iniciativas empresariais e, ao mesmo tempo, fazer crescer uma renovada responsabilidade social para que o lucro não seja o único critério-guia”, precisa.

O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.

OC

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Agência ECCLESIA

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