Coimbra: Instituto Universitário Justiça e Paz inaugura Sala Papa Francisco para estudantes crentes e não crentes

«Precisamos de sair da Igreja para acompanhar os jovens» pede padre Paulo Simões, que quer inverter índices de abandono com entrada no ensino superior

Coimbra, 29 nov 2021 (Ecclesia) – O Instituto Universitário Justiça e Paz (IUJP), em Coimbra, inaugurou a Sala Papa Francisco projetando ser um espaço de encontro dirigido a todos os jovens, sinal de uma Igreja em saída para acolher estudantes crentes e não crentes.

“Sentimos a necessidade de passar uma mensagem de acolhimento e desafio à comunidade académica neste tempo que vivemos, em que a pandemia nos tem desencontrado, um tempo em que é necessário provocar a novos encontros, criar pontes para acompanhar estudantes que vivem problemas de incerteza, dificuldade de saúde mental e também económicas”, disse hoje á Agência ECCLESIA o padre Paulo Simões, diretor do IUJP.

No edifício situado no alto da cidade, em frente à Universidade de Coimbra, contíguo ao restaurante do IUJP, com as suas varandas viradas para o rio Mondego, a Sala Papa Francisco é um espaço que dispõe de mesas de trabalho e uma televisão gigante que permite fazer videoconferências ou desfrutar de um filme, “num ambiente leve e descontraído”.

A sala, “na sua passividade, tem de ser complementada com propostas que sejam bem feitas” por parte da equipa de animadores, mas deseja ser um espaço para, “na liberdade, se poder conviver”, e descobrir propostas formuladas pelo IUJP.

“Precisamos de sair da Igreja para ir chamar os jovens. Estou a acompanhar as atividades (de preparação) para as Jornadas Mundiais da Juventude Lisboa 2023 nas diferentes dioceses e estamos a falar para dentro. Dentro da Igreja continuamos a falar uma linguagem fechada, e quem está fora não compreende”, lamenta o responsável.

O padre Paulo Simões deseja que a inauguração do espaço, a par de outras atividades de saída permita chegar a pessoas com propostas de caminho rumo à JMJ Lisboa 2023.

“O encontro que promovemos, não o queremos a partir apenas do nosso Instituto como os que esperam que vão ao seu encontro. Temos saído e ido ao encontro da comunidade académica e aproveitado todas as oportunidades para o fazer: quando foi tempo de matrículas estivemos lá para acompanhá-los nesse momento e apresentar a nossa proposta social e espiritual, e convidá-los para a JMJ Lisboa 2023; fomos para as noites da Queima das Fitas com um stand convidar para participar na JMJ, colocámos vídeos nos grandes ecrãs da noite da queima para divulgar a JMJ; vamos continuar a ir às faculdades, ao encontro dos estudantes para os convidar para o Instituto e para a JMJ”, aponta.

O IUJP está também atento às fragilidades que a pandemia mostrou, quer a nível económico como também de dificuldades de saúde mental e através do Fundo solidário «Next», consegue apoiar “mais de 150 estudantes” e evitar o abandono de 50 estudantes que “de outra forma já não estariam no ensino superior”.

O padre Paulo Simões foca o desafio uma “Igreja em saída, ligada ao mundo”, a partir de quem “propõe uma cultura do encontro e sublinha a opção preferencial pelos últimos”.

“Este é o desafio do nosso tempo, ir para a rua e encontrar todos. Não ficar pelos que estão na Igreja. Temos de fazer propostas para crentes e não crentes de acompanhamento – se falarmos para eles todos vão compreender”, reconhece.

O diretor destaca que a entrada no ensino superior tem mostrado “um abandono dos jovens na Igreja” e que importa “estudar” e reconhecer a situação para a poder reverter.

“Queremos trabalhar com as paróquias e com as escolas católicas e não católicas para criar um conhecimento da Pastoral do Ensino Superior, dar a conhecer as atividades na Sala Papa Francisco a estudantes de secundário, a grupos das paróquias, para que participem em propostas ao longo do ano de forma a conhecer o IUJP e a encontrar este espaço quando entrarem no ensino superior”, esclarece.

A agora Sala Papa Francisco foi, na segunda metade do século XX, o ‘Lactário de Nossa Senhora’, local onde os estudantes de medicina assistiam as mães da cidade que se dirigiam ao Instituto para procurar apoio social e receber cuidados de saúde; posteriormente, foi usada pela Livraria «Cultura e Fé» e encontrava-se à espera de intervenção para ser usada pelo restaurante.

“A história deu lugar a um espaço que entendemos ser inovador e responder às necessidades da Igreja para este tempo”, finaliza o diretor do IUJP.

LS

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