Exposição em Tóquio mostra ícones dos “cristãos ocultos”

Uma exposição, que reúne 22 imagens de pinturas religiosas, mostra na capital nipónica como os cristãos japoneses, perseguidos durante quase três séculos se empenharam para iludir o controlo de que eram alvo e representaram os seus ícones sagrados, sem despertar suspeitas. Segundo a Radio Vaticano, a colecção, que em breve será exibida na Espanha, reúne o legado dos chamados “cristãos ocultos” japoneses, aqueles que não renunciaram à sua religião, pese as proibições e perseguições dos séculos passados, e continuaram a praticá-la, ocultando-se e celebrando seus rituais às escondidas. As imagens, na sua maioria fotografias das pinturas originais, datam aproximadamente do século XVII, e representam famosas cenas da Bíblia, assim como ícones cristãos camuflados em aparentes pinturas tradicionais do Japão, ou da arte budista nipónica. Por exemplo, a Virgem Maria aparece sempre vestida com um quimono tradicional e uma criança nos braços, com um penteado típico da época (1603-1868) e rodeada de motivos aparentemente clássicos japoneses, ainda que, na realidade, carregados de significado simbólico. Para a exposição, a organizadora do evento, Tomoko Murano, elaborou réplicas de una parte das relíquias que os descendentes dos “cristãos ocultos” ainda conservam e que, em alguns poucos casos, continuam a venerar. Os católicos japoneses foram perseguidos desde o século XVII até fins do século XIX, mas alguns deles transmitiram, de geração em geração, tanto os ícones cristãos que escondiam atrás dos altares budistas ou xintoístas, como orações cristãs e outros rituais. A exposição foi montada na Igreja de Santo Inácio, em Tóquio, onde permanecerá até o próximo dia 13. A seguir, partirá para Salamanca, Espanha, onde será exibida de 1 a 9 de Outubro.

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