Instituições falam em mais de 750 mil deslocados
Lisboa, 12 out 2021 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa evocou hoje a “situação dramática” que se vive em Cabo Delgado (Moçambique) desde outubro de 2017, num conflito em que morreram 3100 pessoas provocou mais de 750 mil deslocado.
A organização católica, que integra grupo de organizações da sociedade civil que tem trabalhado para manter na agenda pública e política a situação vivida pela população deslocada no norte de Moçambique, realça ainda que a maioria dos deslocados são mulheres e crianças (27% e 52%, respetivamente, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações).
Estas populações “vivem em situações precárias e desumanas, de grande perigo e vulnerabilidade”, lê-se numa nota enviada à Agência ECCLESIA.
Passados quatro anos desde o início das “ações violentas, levadas a cabo por grupos armados”, em Cabo Delgado, “os ataques, recorrentes, macabros e hediondos, têm resultado em intoleráveis assassinatos de cidadãos inocentes naquela província no Norte de Moçambique”, acrescenta o comunicado.
As organizações salientam que os princípios mobilizadores “são os direitos humanos e a dignidade humana de todas as pessoas e de cada uma em concreto”, por isso insistem para que “quaisquer ações, objetivos e prioridades setoriais estejam ao serviço das pessoas”.
A nota lança um apelo para que os deslocados “tenham a possibilidade de regressar, em segurança, às suas casas e terras, de reconstruir a sua vida e de reorganizar a sua comunidade”.
As entidades exigem que os “direitos das pessoas deslocadas sejam garantidos e haja redobrada vigilância ativa contra toda e qualquer violação dos direitos humanos, por qualquer indivíduo ou forças de defesa e segurança”, sejam elas de Moçambique, de outros países “ou de empresas privadas”.
A ajuda humanitária continua a ser “insuficiente para a dimensão da catástrofe” e a “distribuição alimentar é insuficiente, havendo milhares de pessoas a passar fome”.
As causas do conflito estão ligadas com a pobreza e a falta de oportunidades com que a população de Cabo Delgado, “especialmente as mulheres e os jovens, se confrontam no seu dia-a-dia, numa luta pela sobrevivência”.
LFS/OC