Católicos e Ortodoxos assumem preocupações comuns

Bento XVI e o Primaz Christodoulos assinam declaração conjunta e apelam à unidade entre os cristãos Bento XVI e o Primaz Christodoulos, da Igreja Ortodoxa da Grécia, assinaram quinta-feira no Vaticano uma Declaração comum com 12 pontos, em que assumem a necessidade de, através de um “diálogo teológico construtivo”, se procurar “restabelecer a plena unidade” entre os cristãos. “A nossa missão – pode ler-se – é a de percorrer o árduo caminho do diálogo na verdade, para restabelecer a plena comunhão. Esperamos que o diálogo teológico bilateral formule propostas concretas que sejam aceites por uma parte e pela outra em espírito de reconciliação”. Esta declaração exprime “o desejo de dar testemunho apostólico” ao mundo e assume “a responsabilidade comum de superar as múltiplas dificuldades e as experiências dolorosas do passado”. O documento indica que a unidade é essencial para “anunciar Cristo ao mundo, sobretudo às novas gerações”, exortando os líderes religiosos a trabalharem pelo diálogo entre religiões. Nesse sentido, é pedido que se combata a intolerância e a violência religiosa. “As religiões têm um papel a desempenhar para assegurar o surgimento da paz no mundo e não devem, de forma alguma, fomentar a intolerância e a violência”, referem. Para além das questões teológicas e doutrinais, a Declaração refere-se a temas da actualidade, como os progressos da investigação científica, deixando um convite a que se respeite “o carácter sagrado da pessoa humana”. Ambos manifestam inquietação perante práticas científicas que implicam “experimentações com seres humanos que não respeitam a dignidade e a integridade da pessoa humana em todos as etapas da existência”. Uma particular atenção é dedicada à Europa, pedindo que os seus dirigente “dêem uma prova de sensibilidade para proteger mais eficazmente os direitos fundamentais do homem”. “Desejamos uma fecunda colaboração para fazer redescobrir aos nossos contemporâneos as raízes cristãs da Europa, que forjaram as diversas nações”, acrescenta o documento. Alargando o olhar para toda a situação mundial, os dois líderes cristãos pedem aos países ricos “uma maior atenção em relação aos pobres” e não deixam de assinalar “a utilização abusiva da Criação”. Por força destas “convicções comuns”, Bento XVI e Christodoulos demonstram o “desejo de colaborar para o desenvolvimento da sociedade, numa cooperação construtiva para o serviço dos povos e do ser humano”. Esta declaração é o principal fruto desta histórica visita do Arcebispo Christodoulos à Igreja de Roma e vem na linha daquela que foi assinada entre Bento XVI e o Patriarca Ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, dando continuidade ao diálogo católico-ortodoxo – uma das prioridades deste pontificado – ao mais alto nível.

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Agência ECCLESIA

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