Ano B – 23.º Domingo do Tempo Comum

Abre-te!

Neste 23.º Domingo do Tempo Comum, Deus revela-se em Jesus Cristo como fonte de vida nova e de felicidade para o ser humano.

“Abre-te!” Esta palavra tão simples de Jesus ao surdo-mudo no Evangelho de hoje é plena de compromisso. Como diz o dicionário, abrir é fazer com que o que está fechado não o fique mais. Uma evidência cheia de consequências!

Os Judeus de Jerusalém tinham consciência de serem o Povo eleito por Deus, um povo à parte dos outros povos. Nem pensar em misturar-se com os outros povos, os pagãos, os estrangeiros!

E eis que Jesus faz o contrário. Sai das fronteiras de Israel, vai junto dos pagãos, fazendo mesmo milagres em seu favor.

É o mundo ao contrário! Jesus não teme mesmo ter contacto físico com este surdo-mudo, impuro aos olhos dos judeus fiéis. Antes de abrir os ouvidos do infeliz, é Jesus que Se abre aos estrangeiros, tornando-Se um impuro aos olhos dos judeus.

Evidentemente, é muito arriscado, ainda hoje, abrir a porta e o coração aos estrangeiros, aos emigrantes, aos refugiados, aos que são diferentes de nós. Porque é preciso olhá-los ultrapassando os preconceitos, aceitando outras maneiras de pensar e de viver.

Aquele que segue Jesus não pode esquivar-se à interrogação: como anda a minha abertura de coração? Jesus quer sempre vir até mim, tocar os meus ouvidos para que eu ouça melhor o grito dos meus irmãos em angústia, tocar os meus olhos para que procure encontrar o olhar de Deus sobre os outros.

A um visitante que lhe perguntava para que servia um Concílio, João XXIII respondeu: “o Concílio é a janela aberta. Ou ainda, é tirar a poeira e varrer a casa, pôr flores e abrir a porta dizendo a todos: Vinde e vede, aqui é a casa do bom Deus!” Belíssimas palavras de São João XXIII…

Na manhã de Páscoa, houve uma abertura, quando a pedra que fechava o túmulo de Jesus foi retirada. E já antes, tinha havido outra abertura, quando o soldado romano abriu o lado de Jesus com um golpe de lança.

Estas duas aberturas nunca foram fechadas. Ao participar em cada Eucaristia, bebemos a água e o sangue que brotam de Jesus Cristo para que o seu grito seja eficaz também em nós: “Effata!” “Abre-te!”

A esta luz podemos acolher a mensagem da primeira leitura de Isaías: «Tende coragem, não temais. Aí está o vosso Deus; vem para fazer justiça e dar a recompensa; Ele próprio vem salvar-nos». E também da segunda leitura de Tiago: «A fé em Nosso Senhor Jesus Cristo não deve admitir aceção de pessoas».

A Palavra de Deus convida-nos a crescer na fé em Jesus Cristo, que só pode ser de abertura do nosso coração ao Coração de Deus e ao coração dos irmãos.

Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org

 

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