Coimbra: D. Virgílio Antunes é bispo há 10 anos e quer Igreja participada por leigos

«Conservar, manter ou fazer dos templos um museu, da Igreja uma recordação do passado, do povo de Deus um guardião de tradições, não a faz crescer em fé, esperança, caridade ou comunhão», afirma

Foto: D. Virgílio Antunes – Agência ECCLESIA/HM

Coimbra, 10 jul 2021 (Ecclesia) – D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, que assinala hoje 10 de ordenação episcopal e de entrada na diocese, disse sentir-se confirmado no caminho de reestruturação e envolvimento dos leigos que a Igreja diocesana está a fazer.

“Há um caminho iniciado com alguns resultados. Mas, para uma pessoa realista, estamos longe de ter uma Igreja pujante. Estamos, sim, conscientes de estarmos no caminho certo. Quando lemos documentos do magistério da Igreja, onde vamos beber as inspirações, sentimos uma confirmação do que procuramos fazer e sentimo-nos confirmados nos caminhos a percorrer”, afirmou numa entrevista à Agência ECCLESIA.

O responsável assume “assimetrias” numa diocese “muito diferente” em ritmos, culturas, densidade populacional e desafios, mas assinala um caminho de “escuta” que tem procurado fazer, também na elaboração de programas pastorais e sintonias diocesanas.

“A preocupação de não considerar que tudo é igual, que tudo tem de cumprir um plano pastoral da mesma forma. Deixamos as principais intuições, que são fruto da consulta ao povo de Deus – aos conselhos pastorais, catequistas e outros, e, depois fazemos uma síntese para colher linhas fundamentais. É um trabalho que abre horizontes diferentes. Deixamos que cada unidade pastoral defina os seus objetivos mais detalhados, as suas ações. E depois propomos uma grelha de avaliação. Quem não faz a avaliação pode estar sempre no mesmo lugar sem se dar conta”, explica.

D. Virgílio Antunes diz-se herdeiro de um trabalho desenvolvido anteriormente na diocese que procurou fazer com que cada pessoa se sentisse com lugar ativo, e que “nos últimos tempos”, coloca “no centro o povo de Deus e os leigos”, sem “limitar o específico de cada vocação”.

A criação de unidades pastorais na diocese é fruto de “um processo lento e progressivo, respeitando ligações já existentes, sintonias culturais e geográficas”, que, assinala D. Virgílio Antunes, “tem sido bem sucedido”.

“As pessoas veem a falta de sacerdotes como a principal razão para esta medida, mas nós tentamos que essa não seja a razão principal: Que a comunhão seja a razão fundamental”, sublinha.

“Nunca quisemos que fosse um agregar de instituições administrativas entre paróquias, mas um processo consciente e adequado para a Igreja do nosso tempo, concretamente do ponto de vista da a evangelização. Temos um conselho da unidade pastoral, onde os párocos têm uma equipa de unidade pastoral que não o substituiu, mas o apoio, auxilia e reza com ele, cria um dinamismo novo”, acrescenta.

Para o bispo de Coimbra, “conservar, manter ou fazer dos templos um museu, da Igreja uma recordação do passado, do povo de Deus um guardião de tradições, não a faz crescer em fé, esperança, caridade ou comunhão”.

D. Virgílio Antunes lamenta uma “atitude mais passiva”, resultado de uma “acomodação” mas dá conta de uma alegria na missão que encontra entre as pessoas que se sentem participantes.

Na ação social, a diocese entendeu que a Cáritas “podia ser conduzido por outras pessoas que não os padres”: “Tínhamos, na comunidade, leigos com sabedoria, conhecimento e espírito de fé com mais que capacidades para desenvolver esta missão”, que o bispo acredita “terá muito futuro”.

D. Virgílio Antunes fala ainda a evangelização que os cursos Alpha têm criado, através de “um dinamismo que congrega pessoas e as ajuda a ver a fé como uma realidade que liberta e a Igreja como uma comunidade que procura comunicar”.

“Tem sido um instrumento válido, tal como outros movimentos, mas que aqui têm menos expressão, e é um trabalho feito sobretudo por quem participa. Isto tem provocado atitude de abertura, acolhimento, simpatia por parte de muitas pessoas”, valoriza.

O responsável tem ainda a preocupação de “colocar a sagrada escritura na vida das pessoas”, pois indica ser um trabalho que nunca está completo.

No Seminário de Coimbra vai realizar-se hoje, às 21h00, uma sessão comemorativa do dia, contando com intervenções do padre Nuno Fileno e Marta Neves e apresentação do livro «Acolher o Evangelho da Alegria e da Esperança – Homilias da Semana Santa» de D. Virgílio Antunes, mas devido à pandemia, a lotação no Salão São Tomás de Aquino, no seminário, é limitada.

O atual bispo de Coimbra nasceu a 22 de setembro de 1961 e foi ordenado bispo a 3 de julho de 2011 na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima, tendo entrado na Diocese de Coimbra a 10 de julho de 2011.

HM/LS

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Agência ECCLESIA

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