Situação é acompanhada no terreno pela Cáritas Portuguesa
Lisboa, 24 jun 2021 (Ecclesia) – A diretora de marketing da UNICEF em Portugal, Luísa Motta, disse à Agência ECCLESIA que “grande parte” população de Cabo Delgado, Moçambique, está a fugir da região devido à guerra, entre elas “uma grande percentagem de crianças”.
“Esta situação explica-se com a guerra, depois dos ataques na cidade de Palma, há um grande volume de população que começa a fugir para sítios mais seguros e 700 mil pessoas em movimento é uma coisa brutal”, disse a responsável do fundo das Nações Unidas para a infância.
A UNICEF está no norte de Moçambique e atua, nomeadamente, na “área da saúde e nutrição” porque “metade dos deslocados são crianças”, frisou Luísa Motta.
Devido à subnutrição, a organização providencia “alimentos que são muito escassos” na região e também medicamentos.
Luísa Motta relata que “muitas crianças nas fugas perdem-se dos familiares” e algumas crianças iniciam a sua fuga sozinhas”.
“O primeiro passo a fazer é o rastreamento e identificação e depois o trabalho de reintegração na família”, acrescenta, alertando que “os distritos vizinhos de Cabo Delgado” também vivem em condições precárias.
Para além da guerra, a responsável da UNICEF aponta também as condições climáticas “extremas” que afetam a população.
“Desde secas muito severas a sul e ciclones a centro e norte do país”, acentua.
Moçambique é um país “muito pobre” e vive numa “tripla crise” centrada nos conflitos armados, condições climáticas e a pandemia de Covid-19.
A comunidade mundial “está sensibilizada” para a problemática dos refugiados, mas “não o suficiente”, realça a responsável da UNICEF.
A Cáritas Portuguesa também está no terreno na região de Cabo Delgado e tem trabalhado em parceria com a Cáritas Diocesana de Pemba (Moçambique).
A organização católica está na linha da frente com “ajudas de emergência, como a alimentação” e também no apoio a pessoas que “pensam ficar a residir naqueles locais”, disse à Agência ECCLESIA Isabel Quintão, elemento da Cáritas Portuguesa.
“Ajuda na construção e reconstrução da vida destas pessoas fragilizadas”, apontou.
As organizações humanitárias que trabalham naquela província moçambicana são “autênticos portos de abrigo para os deslocados”, sublinhou Isabel Quintão.
Para comemorar o Dia Mundial do Refugiado, que se celebrou no domingo, a PAR (Plataforma de Apoio aos Refugiados) organizou um colóquio, esta quarta-feira, na Universidade Católica Portuguesa (UCP) onde a questão dos deslocados em Cabo Delgado esteve em destaque.
LFS/OC