Covid-19: Responsáveis religiosos unem voz em defesa de distribuição equitativa das vacinas

«Ninguém está seguro até que todos estejam seguros», refere declaração conjunta, divulgada pela 74ª Assembleia Mundial da Saúde

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 26 mai 2021 (Ecclesia) – Representantes cristãos, judeus, muçulmanos e responsáveis de organizações sanitárias e humanitárias uniram-se num apelo em defesa da distribuição equitativa das vacinas contra a Covid-19, lançado aos participantes na 74ª Assembleia Mundial da Saúde.

“Existe uma escolha. O mundo dos próximos 10 anos pode ser um mundo de maior justiça, abundância e dignidade ou pode ser um mundo de conflito, insegurança e pobreza”, lê-se na declaração conjunta.

O arcebispo da Cantuária e líder da Igreja Anglicana, Justin Welby, e o presidente do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Peter Maurer, disseram que os líderes globais devem escolher entre o “nacionalismo de vacina ou solidariedade humana”, na abertura da Assembleia Mundial da Saúde, esta segunda-feira, em Genebra.

A declaração conjunta é assinada por vários líderes cristãos, como o cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé; Ahmed al-Tayeb, o grande imã de al-Azhar, maio instituição do Islão sunita; ou o rabino David Rosen, copresidente da ‘Religions for Peace’.

Entre os signatários estão o presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (IFRC), o diretor-geral da OMS, o alto-comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e o diretor-executivo do UNICEF.

Os signatários representam organizações com raízes em comunidades em todo o mundo e trabalham em “estreita colaboração com as pessoas afetadas por conflitos, desastres e fome”.

O documento sublinha que, este ano, a economia mundial “enfrentará a pior recessão desde 1945”, o que vai aumentar “drasticamente” a pobreza e o sofrimento para alguns países e, para outros, “significa fome e morte”.

“A Covid-19 tem sido uma crise verdadeiramente global na qual todos carregamos um fardo. Em muitos casos, fez-nos refletir sobre as injustiças mais antigas que se perpetuaram em partes do mundo onde a pandemia é mais uma camada de miséria, instabilidade e agitação”, refere o apelo, alertando que os efeitos vão ser sentidos à escala global nos próximos anos.

Os responsáveis pela declaração afirmam que é preciso construir um mundo onde “cada comunidade”, independentemente de onde viva ou de quem seja, “tenha acesso urgente à vacinação” para a Covid-19, “mas também para as muitas outras doenças que continuam a prejudicar e matar”.

“A pandemia mostrou que no nosso mundo interdependente ninguém está seguro até que todos estejam seguros”, salientam.

O texto pede aos líderes mundiais que garantam o “acesso equitativo às vacinas” entre os países, “fornecendo vacinas, partilhando conhecimento e experiência e financiando” o acesso ao Acelerador de Ferramentas para a Covid-19 (ACT-A, sigla em inglês); que garantam o acesso equitativo às vacinas “dentro dos países” e que toda a população seja incluída “na distribuição nacional e nos programas de vacinação”.

“Apoiar os países financeiramente, politica e tecnicamente para garantir que restringir a Covid-19 não seja uma meta autónoma, mas um elemento importante de uma estratégia de saúde mais ampla” é o terceiro pedido na declaração publicada no sítio online do arcebispo da Cantuária.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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