O Mundo da Moda sob os Olhos do Cinema

O mundo da moda e, de certo modo, a frivolidade que muitas vezes o caracteriza, tem sido mais que uma vez aproveitado para filmes, como por exemplo no caso de “Pret-à-Porter / Pronto-a-Vestir”, um retrato pormenorizado e profundo dos bastidores das passagens de modelos que Robert Altman realizou em 1994. Agora chegou a vez de David Frankel tentar a sua sorte com “O Diabo Veste Prada”, mais virado ao estudo das pessoas envolvidas que ao ambiente propriamente dito. Todo o filme vive do confronto entre a directora de uma revista de moda, Miran-da Priestly, e a candidata a jornalista admitida como sua assistente. Um confronto em que Miranda, sempre impecavelmente vestida, é um autêntico diabo na forma de tratamento das suas colaboradoras. O mais interessante na figura de Miranda é a forma discreta como dá a entender, sob a aparência de uma personalidade dura e intransigente, como há também uma componente humana que raramente transparece, mesmo que involun-tariamente. Meryl Streep cria, para tal, um dos grandes papéis da sua carreira, que acaba por ser a única razão de ser do filme, que no restante não passa de uma comédia mediana e mais que convencional, à altura do que se esperaria da modesta carreira do seu realizador. Prada, a famosa marca de moda, é sobretudo um símbolo e não uma referência, uma vez que, ao longo do filme, não é citada nem tomada como o exemplo máximo para o negócio do sector. É, sobretudo, uma marca que realça a relação entre a forma de vestir da protagonista, ao nível de Prada, e o seu comportamento pouco amistoso, compatível com o diabo. Mesmo tratando-se de uma obra destinada essencialmente ao divertimento do público é suportada com alguma inteligência e um humor bem construído, mas falta-lhe alguma consistência na definição de diversas personagens e a desejada originalidade que a poderia guindar a outro resultado bem diferente. Francisco Perestrello

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