Ver e acreditar que Cristo ressuscitou
Cristo ressuscitou, aleluia! É o grito da liturgia deste Domingo de Páscoa.
O Evangelho da missa do dia coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida nunca podem ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e acolhe a sua proposta. A este discípulo não escandaliza nem espanta que da Cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira; «viu e acreditou».
A ressurreição de Jesus prova, precisamente, que a vida plena, a vida total, a transfiguração total da nossa realidade finita e das nossas capacidades limitadas passa pelo amor que se dá, com radicalidade, até às últimas consequências. Garante-nos que a vida gasta a amar não é perdida nem fracassada, mas é o caminho para a vida plena e verdadeira, para a felicidade sem fim. É nessa direção que deveria ser conduzida a caminhada da nossa vida.
Pela fé, pela esperança, pelo seguimento de Cristo e pelos sacramentos, a semente da ressurreição, o próprio Jesus, é depositada em nós. Revestidos de Cristo, somos nova criatura: estamos, portanto, a ressuscitar, até atingirmos a plenitude, a maturação plena, a vida total, quando ultrapassarmos a barreira da morte física. Aqui começa a nova humanidade.
Os outros textos da liturgia dão-nos indicações preciosas sobre esta centralidade da nossa vida em Cristo.
A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este caminho a todas as pessoas. Aí está um desafio para todos nós, hoje, tantas vezes mergulhados num ambiente que não sintoniza com este novo dinamismo de ressurreição.
A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova, até à transformação plena.
O Evangelho da missa da tarde deste Dia de Páscoa, com o episódio dos discípulos de Emaús, convida-nos igualmente a reconhecer a presença do Ressuscitado em todas as situações da vida, mas sempre a partir da sua presença sacramental como Palavra e como Pão eucarístico.
Já agora, lembremo-nos que uma maneira simples de testemunhar a nossa fé na ressurreição de Cristo no “primeiro dia da semana” é, para nós cristãos, não falar do domingo com fazendo parte do fim de semana! Para nós, o domingo não é o fim da semana, mas o seu começo, o primeiro dia, o Dia do Senhor. Que assim seja, nesta Páscoa e sempre!
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org