Bruno Maurício, pai de dois filhos, divide e concilia com «comunicação e tranquilidade» a educação que recebeu e quer dar
Lisboa, 19 mar 2021 (Ecclesia) – Bruno Maurício, pai de dois filhos, com 16 e quatro anos, foi desafiado pela Agência ECCLESIA a desenhar na areia da praia as curvas próprias de quem sabe que o percurso de um pai nunca é reto.
“Cumplicidade é minha palavra preferida. Uso-a para descrever os meus filhos. Eu não sou o melhor de todos, mas também não sou o pior. O que procuro é ser melhor todos os dias. Gostava que eles compreendessem que eu quero fazer o melhor para eles. Como não sou o melhor, também erro muitas vezes, mas, sem vergonhas, peço-lhes desculpa”, conta à Agência ECCLESIA o artista, que desenha mandalas nas praias do Concelho de Oeiras, nascidas de diferentes inspirações.
O sonho da paternidade surgiu cedo na sua vida, reconhece, a partir da feliz memória de ter um “pai fantástico”.
“Cedo me apercebi que ser pai era algo que queria muito. Tive e tenho um pai fantástico. Esta coisa boa de ser pai nasce pela educação que tive”, explica.
Bruno Maurício foi pai com 30 anos de um rapaz e, 10 anos depois, teve uma filha, hoje com quatro, que “torna tudo mais cansativo, mas é adorável”.
“Parece que divido a minha vida entre antes e depois de ser pai. O meu filho estava na barriga da mãe e eu já me sentia mais responsável, numa atitude que vai ser até ser velhote. Cresci muito com o nascimento do meu primeiro filho mas os dois ajudam, obviamente a descobrir novos Brunos”, destaca.
Decorador de interiores de profissão e artista de rua por gosto, Bruno Maurício afirma-se feliz por fazer todas as tarefas que os filhos necessitam.
“Desde muito cedo, deixei de estar junto deles porque deixei de viver com as mães, mas já estou habituado. Semana sim, semana não, estamos juntos – é assim que faço com as duas mães. Aproveito a semana que não estou com eles para minhas coisas a nível profissional. Na semana que estão comigo, a minha profissão é ser pai”, conta.
Bruno Maurício sublinha a importância de manter um bom relacionamento com as mães dos seus filhos, e considera que com “comunicação e tranquilidade”, todos são mais felizes.
“Eles precisam das mães e elas estão lá para fazer um papel idêntico ao que faço – nesse aspeto estamos nivelados e não há diferença. Se os castigos forem do lado de lá, quando vêm para a minha casa, o castigo mantém-se. É assim que conversamos, por isso as coisas correm bem”, explica.
O artista foi aprendendo a ser pai na ausência dos filhos e garante que se habituou a uma vida repartida, mas reconhece a falta que sente quando fica só.
“Melindra-me quando estão doentes e gostava de os manter debaixo da minha asa e sinto falta física deles, quando depois de estarem uma semana comigo, a casa fica vazia. Mas sei viver com isso”, sublinha.
“Eu gosto mesmo de ser pai, de tratar dos meus filhos, dar banho, fazer comida, fazer tudo o que um pai deve fazer dentro de casa ou levá-los às atividades que tem. Mas isto vem detrás, da educação que tive e do meu crescimento”, acrescenta.
Ser companheiro, dar colo mas ser assertivo, mostrar a liberdade com o respeito pela natureza com que deseja que os filhos cresçam, é a receita para fazer de duas em crescimento, projetos de vida felizes.
“Procuro a calma, ser uma pessoa calma e levar isso para casa. Não estou sempre do mesmo modo, pela vida e pelo trabalho que tenho, mas procuro passar essas ideias aos dois: aos mais velho, que já tem idade para entender, e à mais nova, para que pense nisso também”, afirma.
O programa «70×7» do próximo domingo (17h30, RTP 2) é dedicado ao Dia do Pai e vai apresentar diferentes experiências de paternidade.
LS
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