Igreja/Covid-19: Regresso do culto público desafia à procura «daqueles que desapareceram» e ao acolhimento de quem descobriu a Igreja pelos media

D. Américo Aguiar presidiu à ultima Missa sem assembleia na Paróquia do Parque das Nações, transmitida pela televisão durante o confinamento

Lisboa, 15 mar 2021 (Ecclesia) – O bispo de auxiliar de Lisboa D. Américo Aguiar afirmou que o regresso do culto público não vai encontrar “tudo na mesma” e desafia à procura “daqueles que desapareceram” e de quem descobriu a Igreja pelos media.

“As comunidades têm um grande desafio pela frente: serem capazes de ler os sinais dos tempos e saírem ao encontro daqueles que desapareceram”, disse D. Américo Aguiar à Agência ECCLESIA após ter presidido à Missa na Paróquia do Parque das Nações.

Para o bispo auxiliar de Lisboa, “nunca como agora é urgente que a Igreja em saída aconteça” para ir ao encontro de quem habitualmente estava presente nas comunidades e de “muita agente” que “descobriu a Igreja através das transmissões, sejam televisivas seja através das plataformas digitais”.

D. Américo Aguiar considera que as paróquias e as comunidades devem estar atentas ao necessário acolhimento de quem “participou” nas celebrações através das plataformas digitais e podem “querer vir ao encontro da comunidade real”.

“Se infelizmente alguns encontram outros caminhos, damos graças a Deus por outros descobrirem os caminhos para as nossas comunidades”, afirmou.

O bispo auxiliar de Lisboa referiu que, um ano após a pandemia, é preciso não ter a tentação de que “está tudo como há um ano atrás”, porque “não está”.

“Há pessoas que faleceram, no nosso país mais de 16 mil, há pessoas que deixaram de aprender o caminho que os levava à Igreja, há pessoas que encontraram outras possibilidades, outras conjugações de viver a sua transcendência e procurar os sinais da fé”, referiu.

Foto Agência Ecclesia/PR, Paróquia do Parque das Nações

A Missa celebrada na Paróquia do Parque das Nações foi transmitida através da TVI durante as últimas semanas, desde a suspensão do culto público no dia 23 de janeiro.

Para o pároco da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes, o pedido de transmissão da Missa pela televisão, em cada domingo, foi “uma missão” que a comunidade encarou com a responsabilidade de “servir a Igreja no seu todo”.

“Esta missão, que foi assumida pela comunidade, tinha razão de ser e os ecos que fomos recebendo expressaram isso mesmo”, disse à Agência ECCLESIA o cónego Paulo Franco.

Para o pároco do Parque das Nações, em Lisboa, a celebração sem a participação da assembleia revelou que “o modo de ser Igreja e de viver a dimensão comunitária” vai “muito para lá” de “entendimentos pessoais ou tradicionais”.

O cónego Paulo Franco considera também que que o confinamento ajudou a valorizar o que faz parte do quotidiano e nem sempre é valorizado.

“Este tempo ajudou todos a darmos mais importância e mais atenção a realidades e situações que são um dado adquirido e quando não as temos é que sentimos o sofrimento que isso nos causa”, acrescentou.

O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa determinou o recomeço das celebrações com a presença da assembleia esta segunda-feira, dia 15 de março, possibilidade prevista também no decreto 4/2021 de 13 de março da Presidência do Conselho de Ministros, que regulamenta o estado de emergência decretado pelo presidente da República  e prevê a “participação em cerimónias religiosas, incluindo celebrações comunitárias”.

PR

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Agência ECCLESIA

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