Igreja/Cultura: D. José Tolentino Mendonça afirmou que sociedades do futuro «terão de potenciar» a importância e a centralidade do «conhecimento» (c/vídeo)

Responsável da Biblioteca Apostólica do Vaticano recebeu prémio da Universidade de Coimbra

Coimbra, 01 mar 2021 (Ecclesia) – O cardeal D. José Tolentino Mendonça foi distinguido hoje com o Prémio  Universidade de Coimbra 2021, afirmando na sua intervenção que o papel das universidades sai “reforçado” da pandemia.

“A crise pandémica vem desativar muitas modalidades de construção do real e dizer que estão ultrapassadas. Sobre o conhecimento, porém, ela vem reforçar a relevância; As sociedades do futuro terão de potenciar sempre mais a importância e a centralidade do conhecimento”, afirmou o cardeal português, numa intervenção por videoconferência a partir de Roma.

Na comemoração dos 731 anos da Universidade de Coimbra, D. José Tolentino Mendonça explicou que a pandemia “reclama” ser interpretada como “uma encruzilhada civilizacional”, ao mesmo tempo que devolve a consciência do limite também “impele a refletir criticamente” sobre formas atuais de habitar o mundo e a “sondar novos modos”.

O arquivista e bibliotecário do Vaticano disse que hoje a universidade está colocada perante “o desafio epocal” de adequar todas as suas disciplinas e saberes “a partir de uma ecologia integral e de transmitir isso à comunidade”, observando que, neste campo, é preciso “entrar numa nova etapa da história”.

Segundo D. José Tolentino Mendonça, a pandemia empurra “para o futuro” e as palavras “contemplação” e “cuidado” pertencem a esse vocabulário.

“As nossas sociedades precisam de colocar no âmago da vida, com maior decisão e empenhamento, a noção de bem comum. A acentuação do individualismo conduziu a uma dramática fragmentação da experiência social”, explicou, lembrando que “salve-se quem puder” ou “todos contra todos” não são estratégias de futuro, como o Papa Francisco tem “insistentemente” repetido.

Para o cardeal português, servir o bem comum deve “tornar-se o objetivo mobilizador como comunidade”, isto é servir a pessoa humana, “a sua dignidade singular e inviolável, e servir a harmonia com toda a criação”.

Precisamos, como a pandemia o tem inequivocamente mostrado, de implementar e reforçar uma cultura da responsabilidade e do cuidado. Nesta estação dramática da história, serve-nos a objetividade dos cuidadores sensatos, que responsavelmente se dão conta da urgência de restabelecer equilíbrios mais estáveis e duradouros. E as universidades estão na primeira linha para responder à chamada”.

D. José Tolentino Mendonça realçou que a secular e “prestigiada” Universidade de Coimbra, “com as suas publicações científicas”, é certamente a universidade portuguesa “mais representada na Biblioteca dos Papas”.
O ‘Prémio Universidade de Coimbra’, no valor de 25 mil euros, é este ano, pela primeira vez, dividido em duas partes, 10 mil euros para o vencedor e 15 mil euros para uma bolsa de investigação numa área que vai ser escolhida pelo vencedor.

O reitor da Universidade de Coimbra apresentou o diploma que vai ser entregue a D. José Tolentino Mendonça e no seu discurso destacou um “homem de esperança na humanidade, personificando os valores” que regem a universidade e que “constituirão uma base inalienável para a saída das várias crises” atuais.

Amílcar Falcão partilhou duas mensagens, de esperança, porque acredita que em breve a pandemia “mais não será do que uma memória recente”, e de alerta.

“Espero que a sociedade perceba quão efémera é a situação que vivemos por comparação com aquilo que será a pandemia das pandemias, caso não encaremos de forma responsável a problemática das alterações climáticas”, explicou o reitor da Universidade de Coimbra.

Na sessão dos 731 anos de UC discursaram também a presidente do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, Gabriela Figueiredo Dias, e o professor catedrático José Nascimento Costa, da Faculdade de Medicina, que fez a apresentação e elogio à mensagem e obra literária de D. José Tolentino Mendonça.

CB/OC

D. José Tolentino Mendonça foi criado cardeal pelo Papa Francisco em outubro de 2019; biblista, investigador, poeta e ensaísta, o cardeal português nasceu em Machico (Região Autónoma da Madeira) em 1965, tendo sido ordenado padre em 1990 e bispo a 28 de julho de 2018; foi reitor do Pontifício Colégio Português, em Roma, diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica em Portugal.

O cardeal português é comendador da Ordem do Infante D. Henrique, título que lhe foi atribuído em 2001 pelo ex-presidente da República Jorge Sampaio, e da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, atribuída por Aníbal Cavaco Silva, antigo chefe de Estado.

 

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Agência ECCLESIA

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