O presidente da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo, D. Januário Torgal Ferreira, denunciou ontem situações de imigrantes que chegam a pedir para ir para a cadeia, porque lá têm uma tarimba para descansar e alimentação. A intervenção do prelado aconteceu na homilia da missa a que presidiu, na abertura da Peregrinação Internacional do Migrante e Refugiado, que hoje termina em Fátima. Os problemas dos migrantes estiveram no centro da sua reflexão, a partir do Evangelho que narrou o episódio do encontro de Jesus com os discípulos de Emaús. Segundo este responsável da Igreja Católica, a imigração debate-se com problemas gravíssimos, há gente que paga impostos e desconta para a Segurança Social, mas que vai ter de abandonar o país por causa da lei que rege a imigração. “É urgente partir o pão na nossa sociedade, mediante decisões concretas e ajustadas”, disse o bispo, que lamentou que muitas vezes se fique nos discursos culturais e não se chegue a plataformas pluralistas. Na alusão ao recente diploma que veio conferir «condição qualitativa» aos imigrantes brasileiros, D. Januário deixou a pergunta «muito bem, mas e as outras etnias e grupos geográficos?». Para o presidente da Comissão Episcopal das Migrações, “fica a sensação de insensatez, coisas precipitadas e muito mal estudadas». Com o país em chamas, o prelado também não esqueceu a tragédia, solicitando participação generosa na campanha “Caritas ajuda Portugal” e salientando que a Igreja, mais uma vez, deu o exemplo e o primeiro passo.