D. Luiz Lisboa tem alertado para os conflitos em curso na província moçambicana de Cabo Delgado, que já provocaram 2 mil mortos
Cidade do Vaticano, 18 dez 2020 (Ecclesia) – O Papa Francisco recebeu hoje o bispo de Pemba, região de Moçambique que tem sido atingida por conflitos armados que já provocaram 2 mil vítimas mortais e 600 mil deslocados
A Sala de Imprensa da Santa Sé não se refere ao conteúdo da audiência do Papa com D. Luiz Lisboa, confirmando a sua realização na manhã desta sexta-feira.
Esta semana, o bispo de Pemba participou numa iniciativa de organizações católicas de Portugal sobre a situação na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, o Governo de Moçambique não consegue “travar a guerra”, pede a ajuda à comunidade internacional e apela à Presidência Portuguesa da União Europeia que atue nas “causas da guerra”, nomeadamente os recursos naturais.
“Portugal faria um grandíssimo favor se levasse a debate na União Europeia o uso dos recursos, pelo mundo fora: como estamos a enfrentar a situação? Que tipo de submissão, de novo colonialismo estamos a praticar em relação aos recursos que há em África e outros lugares mais pobres do mundo”, afirmou D. Luiz Lisboa numa sessão online, promovida por organizações da Igreja Católica em Portugal.
Para o bispo de Pemba, “esta discussão tem de ser feita seriamente”.
No início de dezembro, no dia 4, o Parlamento Europeu debateu a situação de crise em Cabo Delgado, apelando a uma resposta “urgente” da comunidade internacional.
Os deputados ouviram o bispo de Pemba, D. Luiz Fernando Lisboa, que acompanha a comunidade católica na região.
Falando em videoconferência desde Pemba, o bispo de Pemba denunciou “uma tragédia humana”.
“A maioria das pessoas saiu [de suas casas] deixando tudo para trás. Saiu das suas aldeias e deixou tudo para trás. Muitas tiveram as suas casas e os seus bens queimados, muitos perderam ente-queridos, familiares, tem também meninas raptadas… Alguns pais reclamam que há muito tempo não veem as suas filhas, porque muitas meninas foram raptadas”, advertiu, numa intervenção divulgada pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
A reunião juntou as comissões de Negócios Estrangeiros e de Desenvolvimento do Parlamento Europeu.
“As necessidades são muitas. Não param de chegar pessoas em vários distritos e nós estamos a tentar atender nas necessidades mais básicas, que é a alimentação, água, roupas, esteiras, cobertores, arranjar um lugar para ficar”, declarou D. Luiz Fernando Lisboa.
Esta semana, o responsável pela diplomacia europeia, Josep Borrell, pediu ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Augusto Santos Silva, que visite Moçambique como seu enviado para se inteirar sobre a situação em Cabo Delgado com as autoridades moçambicanas.
PR