Funchal: «Tempo de pandemia faz-nos a todos experimentar a pobreza» – D. Nuno Brás

Bispo diocesano alertou para aumento do número de pessoas em situação de necessidade

Foto: Jornal da Madeira

Funchal, Madeira, 16 nov 2020 (Ecclesia) – O bispo do Funchal disse que o “tempo de pandemia” fez com que todos experimentassem a pobreza, de alguma forma, falando na celebração do IV Dia Mundial dos Pobres.

“Este tempo de pandemia nos faz a todos experimentar a fragilidade de quem se vê isolado, impedido de viver como estava habituado, impossibilitado de estar e conviver com os amigos, de viver nos seus ritmos quotidianos. Nestes meses, todos experimentámos a pobreza da solidão; a pobreza do medo do outro; a pobreza da incerteza diante do futuro”, explicou D. Nuno Brás, este domingo, na igreja do Colégio.

Numa homilia enviada à Agência ECCLESIA, o bispo do Funchal disse que aquilo o impacto socioeconómico da Covid-19 é sentido pelos mais pobres “todos os dias”, mesmo quando não nos existe uma emergência sanitária e “de uma forma ainda mais profunda”.

“O tempo de pandemia por que estamos a passar faz-nos a todos, de um modo ou de outro, experimentar a pobreza”, afirmou, lembrando que “as limitações” a que a pandemia tem obrigado “estão a destruir grande parte do tecido económico” e a “dar origem a um número crescente de pessoas com dificuldade em encontrar recursos materiais” para pagar a renda da casa, a escola dos filhos, o alimento para a sua família.

“Se, para a maioria dos madeirenses, aquelas limitações foram, graças a Deus, temporárias, para muitos que vivem ao nosso lado — madeirenses como nós e com a mesma dignidade de seres humanos que nós — elas são uma realidade permanente. E não é necessário ter qualquer bola de cristal para intuir que, nestes tempos que se avizinham, o número daqueles que irão cair em situação de pobreza vai aumentar exponencialmente!”, desenvolveu.

No quarto Dia Mundial dos Pobres, data instituída pelo Papa Francisco, o bispo do Funchal explicou que na mensagem papal são convidados “a estender a mão ao pobre” e “a superar as barreiras da indiferença”.

“Não existe fé em Deus que não conduza também e sempre ao amor do irmão: amor traduzido em obras, atitudes, ações concretas. Poderá alguma vez alguém que acredita ficar indiferente aos irmãos sem abrigo para dormir, sem pão para se alimentar, sem roupa digna para se vestir, e desviar deles a sua atenção?”, acrescentou.

D. Nuno Brás sublinho que a fé faz que os cristãos não desistam “nunca de ninguém”, porque apenas desse modo serão “o espelho do amor divino” e devem “sempre propor” uma mudança de situação.

Foto: Jornal da Madeira

“Hoje queremos pedir ao Senhor que nos ajude a erradicar de nós, do nosso coração, a indiferença que mata. E queremos pedir-lhe, igualmente, a força e a coragem para não desistirmos das atitudes concretas que se encontram ao nosso alcance e que constituem verdadeiras mãos estendidas que ajudam o nosso próximo”, acrescentou.

Na homilia do Dia Mundial dos Pobres 2020, o bispo do Funchal disse que “estender a mão e ajudar o próximo, deixar que sejam as mãos estendidas do Deus que cura, salva, ajuda e transforma” é “o pedido e a disponibilidade” que querem dizer e a missão a assumir.

O Papa Francisco presidiu no Vaticano à Missa do IV Dia Mundial dos Pobres com uma delegação com pobres e sem-abrigo, considerando que estes estão no “centro” da mensagem cristã e desafiou os católicos a servir e arriscar.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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