Igreja/Ecologia: «Laudato si» inspira leigos católicos a lançar sementes de novas hortas urbanas (c/fotos e vídeo)

Iniciativas no Vale de Chelas e em Alfragide seguem princípios propostos pelo Papa Francisco

Lisboa, 11 nov 2020 (Ecclesia) – A encíclica ‘Laudato si’, do Papa Francisco, inspirou católicos das comunidades do Vale de Chelas e Alfragide (Patriarcado de Lisboa) a lançar sementes à terra, num contexto urbano, promovendo a ecologia integral proposta no documento.

No Vale de Chelas, a reportagem da Agência ECCLESIA encontrou um crescente fértil por entre o peso dos prédios, onde as hortas mostram como o urbanismo se pode conciliar com sustentabilidade e respeito ambiental.

Domingas Furtado chegou um dia vinda da Cidade da Praia em Cabo Verde e, hoje, tenta tornar mais verde a cidade com a sua pequena horta.

“Tenho de tudo um pouco, produtos hortícolas”, disse, enquanto mostrava a sua pequena horta, paredes meias com a igreja de Santa Clara de Assis, em Marvila.

A Câmara Municipal de Lisboa e a Junta de Freguesia local deixam ali as folhas que o outono derruba, para que sejam mais do que simples lixo – um adubo natural que ajuda a gerar novos produtos hortícolas.

O trabalho de Domingas Furtado, e de todos os hortelãos do Vale de Chelas, quer ser um sinal de sintonia com os ritmos da terra.

Teresa Palma Rodrigues, do Foco Ecológico de Marvila, realça à Agência ECCLESIA que a “compostagem é muito importante” e que o núcleo tem pessoas que “sabem fazer” este trabalho.

A entrevista é pintora e, na sua sensibilidade de artista, sente a urgência do equilíbrio com a natureza.

“Os meus filhos podem passear por estas hortas como se fossem um jardim e apreciar a forma como as pessoas vão construindo tudo, como se fosse um quintal”, relatou.

“Há flores muito bonitas como a flor do maracujá e é uma descoberta muito interessante”, acrescentou.

Perante um mundo onde a agressão ambiental se tornou uma grave ameaça ao futuro da humanidade, o desafio ecológico assume uma urgência sem precedentes.

Foi esta consciência que levou o Papa Francisco a redigir a sua encíclica ambiental e social ‘Laudato si’, em 2015, que recebeu o acolhimento de círculos para lá do âmbito católico.

Este grito ambiental do Papa tocou Manuela Silva (1932-2019), a economista que dedicou a vida e a sua ciência a construir um modelo económico justo e sustentável, e levou-a a promover a rede Cuidar da Casa Comum (CCC), com uma finalidade específica de dinamizar grupos no sentido de uma conversão ecológica.

Há dois anos Manuela Silva deixou este desafio ambiental às paróquias de Santa Clara, Santa Beatriz e S. Maximiliano Kolbe.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

“Os leigos destas comunidades acolheram este desafio de implementar a encíclica do Papa Francisco e ter uma preocupação com o ambiente e Casa Comum da Freguesia de Marvila”, disse à Agência ECCLESIA frei Fabrizio Bordin, dos Franciscanos Conventuais.

O conceito de conversão ecológica é apontado por Francisco, na sua encíclica de 2015, como itinerário de coerência para os crentes, que não se podem alhear do bem comum.

Nascida no âmbito da Fundação Betânia, a Rede CCC procura envolver entidades, grupos, instituições, congregações religiosas ou paróquias para uma sensibilidade especial para com o cuidado da terra e a sua sustentabilidade.

A rede também chegou à Paróquia de Alfragide, onde os membros do Foco Ecológico têm realizado várias atividades.

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Pedro Matos refere que, em setembro, o grupo foi “fazer uma recolha de lixo” e ajudou a desmontar a ideia de que esta seria “uma zona limpa”.

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Marta Campos é dos elementos mais novos do grupo e não lhe faltam projetos, que tenta pôr em prática com os colegas.

“Recolhemos brinquedos que já não são usados para depois terem outros fins e ajudamos também na Comunidade Vida e Paz através da doação de peças de roupa”, indica.

Esta adesão à causa ambiental é para o pároco, uma riqueza, dentro dos diversos grupos que compõem a comunidade cristã de Alfragide.

“A pertinência de ter um grupo na paróquia, de conversão ecológica beneficia a comunidade mas alarga-se na sua transversalidade e é uma forma de implementar a Laudato Si”, sublinha o padre Nélio Tomás, religioso dehoniano.

HM/LFS/OC

 

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Agência ECCLESIA

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