Bento XVI em Valência entre a euforia e a crítica

Viagem pastoral em defesa da família A terceira viagem do pontificado de Bento XVI tem como destino a Espanha, um país de grande maioria católica (94,1%), mas onde a tensão entre Igreja e Estado é cada vez mais visível. A visita pastoral tem sido transformada, em muitos meios de comunicação social, numa visita política, esquecendo a dimensão do Papa como líder espiritual de milhões de pessoas em todo o mundo. O encerramento do V Encontro Mundial das Famílias, em Valência, é uma oportunidade assumida por Bento XVI para falar em defesa da família, uma mensagem difícil de entender para muitos grupos de pressão que já afirmaram não esperar o Papa. O porta-voz da Conferência Episcopal Espanhola, Pe. Juan Antonio Martínez Camino, considera que “o Papa não vem a Valência para falar contra ninguém, mas para propor o Evangelho, a Boa Nova do matrimónio e da família”. “Bento XVI vem defender a família e isso, na Espanha de hoje, é subsersivo. Vem dar-lhe um sentido mais que espiritual, de realidade construtora da pessoa e das relações humanas, com o desinteresse que torna fecundo e verdadeiro o amor”, explica. O respeito pelas vítimas do descarrilamento no Metropolitano, que provocou 42 mortos e dezenas de feridos, levou os organizadores do Encontro Mundial das Famílias a anular uma série de manifestações culturais e lúdicas previstas. A cidade de Valência, apesar do clima de luto, tem-se engalanado para receber o Papa. Bandeiras do Vaticano, arranjos florais e uma “onda humana” de 11 quilómetros esperam Bento XVI, num clima que vai de encontro com o balanço feito por especialistas e Cardeais no Congresso teológico-pastoral do EMF: a fé não está em disputa com a modernidade, o futuro não passa necessariamente pela superação da família tradicional e as raízes cristãs continuam bem presentes nos nossos dias. O Papa terá em Valência a oportunidade de voltar a um tema que tem sido uma constante do seu pontificado, a defesa da família e do matrimónio tradicional, “património da humanidade” que considera estar em perigo. Para muitos, esta perspectiva pontifícia serve para desenhar o Vaticano como um “lobby obscuro” contra o progresso, pelo que a viagem à Espanha se apresenta como um desafio, procurando superar a profunda crispação gerada no debate sobre estes temas. Os actos conclusivos do EMF, nos quais se esperam 1,5 milhões de participantes, encarregar-se-ão de traçar o balanço definitivo desta viagem.

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