Covid-19: «Nada ficará na mesma» depois da pandemia e Igreja tem de procurar respostas, diz arcebispo de Braga

D. Jorge Ortiga presidiu a Missa na solenidade de S. Martinho de Dume, padroeiro principal da arquidiocese

Braga, 22 out 2020 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga disse hoje que “nada ficará na mesma”, depois da pandemia, desafiando a Igreja Católica a procurar respostas para as mudanças provocadas pela Covid-19.

“Sabemos que, com a pandemia, nada ficará na mesma. Já o sentimos e tudo indica que seremos conduzidos a outras situações impensáveis. A sociedade terá uma fisionomia totalmente diferente, não só na dimensão económica e social”, afirmou D. Jorge Ortiga, numa homilia por ocasião da Missa na solenidade de S. Martinho de Dume, padroeiro principal da arquidiocese.

A celebração decorreu na Catedral de Braga, esta tarde.

O arcebispo primaz apelou a uma “reflexão e compromisso sinodal” sobre a Igreja, a fim de “pensar por onde passará a sua missão”.

“O mundo, em si mesmo, será diferente e a Igreja só existe quando se coloca ao serviço do mundo. Não pode andar por caminhos paralelos. Para mim, estar numa Igreja sinodal significa, entre outras coisas, querer caminhar com o mundo, com os seus problemas e ansiedades”, observou, numa intervenção enviada à Agência ECCLESIA.

D. Jorge Ortiga projetou mudanças numa vivência cristã marcada por “formalidades e devoções”, defendendo uma “opção, permanente e prioritária, pela evangelização”.

“O Evangelho é universal, mas a predileção está nos pobres e marginalizados. Os caminhos apontados pelo Papa Francisco sugerem à Arquidiocese por onde deve andar: cuidar daqueles de quem ninguém cuida. Descobrir as feridas”, observou.

Foto: D. Jorge Ortiga (imagem de arquivo)

Na solenidade do padroeiro da Arquidiocese de Braga, o seu responsável evocou uma história marcada por “muitas igrejas e santuários”, mas, sobretudo, por “monumentos de caridade”.

“Procuremos ser continuadores de uma história que, inevitavelmente, será diferente. Não tememos, pois, caminharemos todos juntos e o Evangelho será a nossa paixão. Com ele a caridade que oferecemos, no passado a tantas gerações, mas hoje, talvez no anonimato e sem reconhecimento público, continuaremos a investir fazendo com que a fé transpareça na obras e acreditando que uma sociedade de irmãos, que se estimam e servem, reciprocamente, irá acontecendo”, concluiu.

São Martinho de Dume nasceu no princípio do século VI; veio para a Galiza cerca do ano 550, onde converteu os suevos à fé católica, fixando-se em Dume; em 569 passou a ser bispo metropolita de Braga, de que é hoje padroeiro principal.

O santo que viveu no atual território português destacou-se pela sua luta em favor da erradicação de práticas pagãs, nas comunidades católicas; entre as suas obras, salienta-se o ‘De correctione rusticorum’, que denuncia as superstições do paganismo.

Em novembro de 2019, a Conferência Episcopal Portuguesa anunciou a decisão de propor a declaração como doutores da Igreja de São Bartolomeu dos Mártires e São Martinho de Dume, bispos de Braga nos séculos XVI e VI.

OC

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Agência ECCLESIA

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