Vaticano: Papa contrapõe fraternidade humana à cultura do descarte

Francisco concede entrevista à edição espanhola da revista semanal «l mio Papa»

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 07 out 2020 (Ecclesia) – Francisco concedeu uma entrevista à edição espanhola da revista semanal ‘Il mio Papa’, divulgada hoje, em que apresenta como “grande desafio social” a superação do que chama de “cultura do descarte.

Depois da publicação, este domingo, da nova encíclica ‘Fratelli Tutti’, sobre a fraternidade e amizade social, o Papa fala de uma “ameaça constante” provocada por um pensamento que leva a deixar de fora os mais fracos e menos produtivos – “o descarte dos idosos, o descarte dos pobres, o descarte das crianças, das crianças por nascer”.

Francisco afirma que a alternativa é “viver a cultura do receber, do acolher, da proximidade, da fraternidade”.

“Hoje, mais do que nunca, somos chamados a ser fraternos”, assinala.

O Papa retoma a convicção de que, após a pandemia, será impossível seguir na mesma: “Ou saímos melhores ou saímos piores. E a maneira que saímos depende das decisões que tomarmos durante a crise”.

Devemos encarregar-nos do futuro, de preparar a terra para que outros a trabalhem. E essa é a cultura que temos de elaborar na pandemia”.

A entrevista aborda a celebração de 27 de março, numa Praça de São Pedro deserta, pouco depois do início do confinamento em vários países.

“O meu coração estava com todo o Povo de Deus que sofria, uma humanidade que tinha de suportar essa pandemia e, por outro lado, tinha a coragem de caminhar. Subi as escadas rezando, rezei o tempo todo e fui-me embora rezando. Foi assim que vivi aquele 27 de março”, relata.

Francisco fala também das audiências gerais na biblioteca do Palácio Apostólico, sem a presença de peregrinos: “foi como estar a falar com fantasmas”.

“Compensei muitas dessas ausências físicas com o telefone e as cartas. Isso ajudou-me muito a analisar a situação das famílias e comunidades”, refere.

A entrevista aborda a preocupação do Papa com quem “escapa da fome ou da guerra” e parte para outro país, denunciando a exploração de trabalhadores migrantes durante o confinamento.

“Eram muitos os migrantes que se expunham, para trabalhar na terra, manter a cidade limpa, continuando os múltiplos serviços. É doloroso ver como eles não são reconhecidos e valorizados”, declarou.

OC

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Agência ECCLESIA

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