Isabel Figueiredo, Diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais
A reflexão impõe-se porque já passou meio ano desde que a palavra pandemia cresceu e a incógnita permanece. Fomos rápidos a reagir, destemidos nas decisões, certos de que se fossem cumpridas todas as normas e o mundo da ciência e da tecnologia reagisse de acordo com as expectativas de todos, ficaríamos bem. O mundo parou e nesta paragem, que quase lembra uma travagem a fundo de um comboio de alta velocidade, estabeleceram-se novas ligações, novas formas de estar e de comunicar. O silêncio de redações quase desertas, de fábricas paradas, de auto – estradas vazias foi sendo interrompido pelo trabalho constante de jornalistas inquietos e repórteres destemidos. O trabalho refez-se e reinventou-se, por gente corajosa e inovadora. E a pouco e pouco, ainda sem sabermos o que será o futuro próximo, uma aparente normalidade regressa, consciente de que assim será possível sobreviver. Todos o sabemos, não é possível continuarmos parados, mas precisamos de refletir, de fazer perguntas, de procurar respostas, para podermos avançar.
Como continuar a contar o mundo? Como ajudar as empresas a comunicar? Como transformar momentos físicos em eventos on-line, capazes de chegar a todos? E os mais novos, que lugar têm neste comboio de alta velocidade que procura novos destinos?
A reflexão cheia de perguntas e sem respostas imediatas levou-nos à procura de gente que todos os dias se liga ao mundo real dos jornais, das empresas, das redes sociais, da comunicação social. Por outro lado, a nossa identidade, exige-nos um olhar crente sobre esta realidade e as perguntas continuaram, exigentes, desafiantes… como continuar a contar a presença de Deus no mundo? Como ajudar as Dioceses a prosseguir tanto trabalho já feito em termos de comunicação social? Como falar de Pastoral e de Liturgia no mundo digital? Como conseguir chegar aos jovens nas redes sociais, tão cheias de tudo?
Fomos à procura de gente que todos os dias procura trazer a presença de Deus para a normalidade da vida, até mesmo em tempo de pandemia. Reunimos um grupo único de homens e mulheres, dispostos a partilhar o que pensam e durante dois dias vamos estar mais do que ligados, em diferentes grupos de trabalho, dispostos a ouvir, a falar, a ensinar e a aprender com tudo o que vivemos nestes últimos meses.
As Jornadas Nacionais de Comunicação Social da Igreja estão marcadas para os próximos dias 24 e 25 de setembro e serão pela primeira vez em formato on-line. As inscrições estão abertas a todos e a participação de cada um fará toda a diferença. Mais do que nunca, parece-nos que que não podemos passar ao lado da comunicação. Por isso, desafiamos de um modo particular as dioceses, paróquias, congregações religiosas, movimentos e todos os que não desistem de anunciar o Evangelho, a inscreverem-se nestas Jornadas. A conferência de abertura do cardeal D. José Tolentino Mendonça é desde já promessa de bons e belos desafios! Apesar de todas as incógnitas acreditamos que só assim se avança, nesta tarefa nunca acabada de comunicar…