Doutrina Social da Igreja em destaque no Funchal

A Doutrina Social da Igreja (DSI) apesar de existir há mais de um século, continua actualizada e com respostas desafiadoras para o nosso tempo. “A Doutrina Social da Igreja continua a ser referência indispensável na sociedade actual”, disse Alfredo Bruto da Costa ao Jornal da Madeira, a propósito do tema da conferência que ontem proferiu no Funchal, a convite da Comissão Diocesana “Justiça e Paz”. O perito em estudos sobre a pobreza e exclusão social apresentou perante uma vasta audiência as principais dimensões em que se baseia a DSI. Com o Concílio Vaticano II e, particularmente, com as encíclicas dos Papas Paulo VI e João Paulo II, a DSI passou a ser compreendida não apenas como uma “doutrina periférica, um ramo acessório do pensamento cristão, mas como uma parte essencial da própria mensagem cristã”, sublinhou o Professor Alfredo Bruto da Costa. Para o vice-presidente da Comissão Nacional “Justiça e Paz”, os princípios em que assenta a Doutrina Social da Igreja levantam questões prementes não só para o cristão, enquanto indivíduo, mas também para a sua actuação e compromisso na sociedade. Deste modo, os exemplos apresentados em referência a esses mesmos princípios, têm a ver com: “o problema da destinação dos bens da terra; o da propriedade privada e o lugar do trabalho na vida do ser humano e do mundo”. Estas dimensões, por outro lado, constituem a identidade do agir e do ser humano, numa escala de “valores hierarquizado” que exigem ser respeitados, disse ainda o orador, citando um recente discurso do Papa Bento XVI à “Acção Operária Católica” italiana, “onde falou da hierarquia dos valores da Doutrina Social da Igreja; já os anteriores Papas tinham feito isso; mas é curioso que num dos primeiros discursos de Bento XVI ele tenha sentido também a necessidade de marcar os princípios do pensamento social.” Outro tópico a reter é que a Doutrina Social da Igreja está hoje bastante desenvolvida na “componente teológica e bíblica em que assenta”, e em correspondência, com a criação do mundo e do homem relatada no Livro do Génesis. Neste contexto bíblico, aliás, se deve situar a nossa compreensão sobre a “dignidade do ser e do ter”, considerou ainda Alfredo Bruto da Costa; e exemplificou o tema através da dimensão mundial dos problemas no nosso tempo, resultado da globalização como “a antiga questão social entre patrões e trabalhadores do século XIX e que hoje constitui um problema mundial, o mesmo se pode dizer da pobreza, nada se passa ao lado; ou as questões da riqueza e da pobreza, ou da propriedade privada, que colocam reflexões importantes”. Numa palavra, “se as sociedades maioritariamente cristãs, ou mesmo as pessoas que não sendo praticantes sigam a ética cristã, se as pessoas levassem a sério a Doutrina Social da Igreja teríamos uma sociedade totalmente irreconhecível, como se alguém estivesse ausente uns tempos e depois voltasse…”, afirmou Bruto da Costa.

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