«Em bom rigor, teria de ser o primeiro diretor espiritual da pessoa», refere especialista da Arquidiocese de Braga
Braga, 09 set 2020 (Ecclesia) – O responsável pela Comissão para a Educação Cristã da Arquidiocese de Braga afirma que “ser catequista é alguém que sopra nas brasas”, que “fala ao ouvido”, assumindo-se como “um acompanhante” dos seus catequizandos.
“O catequista tem de ser um acompanhante, tem que ser um confidente, em bom rigor teria que ser o primeiro diretor espiritual da pessoa, alguém que o catequizando está à vontade para falar daquilo que é mais íntimo em si”, referiu o cónego Luís Miguel Rodrigues em entrevista à Agência ECCLESIA.
Nas ‘Conversas Originais – das palavras à ação’ desta quarta-feira, o diretor-adjunto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, no polo regional de Braga, explica que em grego a palavra catequese significa “dizer ao ouvido, falar ao ouvido”, e só se fala ao ouvido “daquelas pessoas que são muito próximas”.
“Esta proximidade entre catequista e catequizando faz com que a figura do catequista tenha que ser redescoberta como aquele que é próximo, como aquele que é amigo, mas também crente e acompanha nesta identificação com Jesus Cristo”, desenvolveu.
O presidente da Comissão para a Educação Cristã da Arquidiocese de Braga admite que se cristalizou a ideia do que é ser catequista e, se calhar, as comunidades pensam que “ser catequista é ser um bom instrutor”, por isso, encontram alguém que, “de preferência, profissionalmente até está habituado a ensinar”.
Segundo o cónego Luís Miguel Rodrigues, o catequista tem de ser “um homem e mulher de fé refletida”, ter feito a reflexão da sua história de fé, “conhecer o seu percurso porque só depois é que é capaz de acompanhar outros”, para poder ser um “acompanhante” e não estar a “transmitir uns conteúdos”.
O novo Diretório para a Catequese do século XXI, da responsabilidade do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (Santa Sé), apresentado a 24 junho, sublinha impacto das novas tecnologias e da globalização na transmissão da fé.
O cónego Luís Miguel Rodrigues lembra que há uns anos fez uma pesquisa, “quando havia muitos portugueses a emigrar”, onde constatou que “a utilização dos recursos digitais não tem a ver com a idade, nem com a escolaridade”, porque “avós com 70 e muitos anos passaram a utilizar Facebook, a fazer videochamadas”.
Neste contexto, no âmbito da catequese, acrescenta, os meios digitais são utilizados “consoante as suas necessidades” e realça que “o catequista é um acompanhante” e quando existe essa relação é “menos difícil passar a fazer encontros por exemplo através de videoconferência ou whatsapp”, como aconteceu quando suspenderam a catequese presencial em março, por causa da pandemia Covid-19.
O digital não pode ser para criar novas relações, relações diferentes daquelas que temos no físico; Se o catequista tem esta relação necessariamente vai usar os recursos digitais que possui ou que estão ao seu dispor para alimentar esta relação”.
O cónego Luís Miguel Rodrigues é o convidado desta semana das ‘Conversas Originais – das palavras à ação’, transmitidas e publicadas online, às 17h00, e do programa Ecclesia na rádio Antena 1, pelas 22h45.
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