Frade português é diretor da maior biblioteca dos Dominicanos e publicou a sua obra poética em Portugal
Lisboa, 17 ago 2020 (Ecclesia) – Frei José Luís Almeida Monteiro, da Ordem dos Pregadores, é natural de Gouveia, vive na França e afirma que tem a “preocupação” de “criar pontes”, em Portugal publicou recentemente a sua obra poética no livro ‘Que nada se sabe’.
“Tenho tentado ter sempre essa preocupação: Criar pontes entre o mundo em que vivo, e o mundo em que vivo não é só as publicações”, disse o frade Dominicano esta tarde no Programa ECCLESIA, transmitido na RTP 2.
Na entrevista, frei José Luís Almeida Monteiro explica que o “trabalho pastoral” tem-no “aproximado das comunidades portuguesas” na França, foi capelão diocesano português em várias dioceses do país, “mas também junto das pessoas de língua portuguesa que frequentam as comunidades”.
Neste contexto, adiantou que antes de vir para Portugal celebrou a Eucaristia para comunidade portuguesa em Paris, onde está em contacto com “a população de língua portuguesa”, como uma família cabo-verdiana a quem foi “benzer uma casa”, ou na véspera um o grupo de brasileiros “junto dos quais há vários anos” criaram “a primeira comunidade católica brasileira em Paris”.
Frei José Luís Almeida Monteiro é atualmente o diretor da maior biblioteca dos Dominicanos e a sua ligação ao mundo da cultura também se faz através da poesia e fez “uma espécie de balanço do trabalho”, aproveitando para que seja mais conhecido em Portugal.
O livro ‘Que nada se sabe’, publicado pelas Edições Paulinas neste verão, reúne a obra poética do frade português que tem na “questão do silêncio, do corpo, e uma aproximação ao divino” os temas “frequentes”, os que o “tocam pessoalmente”.
“Com 60 anos creio que cheguei a este ponto de considerar que a poesia é uma aprendizagem continua que convida a uma humildade na relação com os outros, na relação com Deus, e também na descoberta desses fragmentos que são a própria poesia”, explicou.
Em Portugal, nomeadamente na sua terra-natal Gouveia, frei José Luís Almeida Monteiro está também envolvido na criação do Museu Internacional do Livro Sagrado.
“Creio que criaria uma nova valência em Gouveia, e na região, mas seria também um espaço para pensar o diálogo inter-religioso. Nesse espaço não vai só haver repositório de obras católicas: Estou em contacto em Paris com um raríssimo sobrevivente do campo de concertação de Treblinka, um judeu, que redigiu durante dois anos uma Tora e prometeu-nos que a vai ceder quando o Espaço do Museu Internacional do Livro Sagrado for criado em Gouveia”, adiantou.
O sacerdote contabiliza que vai assinalar 40 anos que se encontra “fora de Portugal”, em 2021, entrou para a Ordem dos Pregadores, os Dominicanos, em 1983, e também viveu quatro anos no Brasil, em São Paulo e no Rio de Janeiro; Foi um projeto “totalmente pessoal” que o levou “sozinho” até França, aos 21 anos de idade, numa “busca pessoal”.
Atualmente, a presença Dominicana na França “apesar de todos os limites” é “rica, intensa”, em todo o país e são “um pouco mais de 500 frades” em duas províncias nas “principais cidades do território”.
Frei José Luís Almeida Monteiro é secretário-geral da Província Dominicana de França e, desde 2016, diretor da maior biblioteca da congregação que tem “cerca de meio milhão de documentos, quatro empregados”, e está aberta ao público todos os dias, “embora seja uma biblioteca privada, “com tradição” e frequentada por “muitos intelectuais, sociólogos, historiadores, teólogos”.
O frade português recorda que antes de ser ordenado sacerdote foi bibliotecário em Estrasburgo, quando “estava a terminar os estudos”, e desempenhou as mesmas funções em Dijon, em Tours e em Lyon.
PR/CB