Direitos dos imigrantes devem ser defendidos O Papa recebeu hoje no Vaticano o novo embaixador de Cabo Verde, Domingos Dias Pereira Mascarenhas, ao qual manifestou as suas principais preocupações sobre a situação no país e, de forma geral, no continente africano. Num discurso em francês, Bento XVI lembrou que a presença da Igreja nas ilhas de Cabo Verde remonta a vários séculos, “fazendo da fé cristã uma parte essencial da cultura e do património espiritual da população”, e fez votos de que as relações entre Igreja e Estado “se desenvolvam harmoniosamente, no respeito pela autonomia das duas partes”. Relativamente a Cabo Verde, o Papa referiu que as difíceis condições de vida têm contribuído para acentuar a expansão do fenómeno migratório. “É dever dos países que acolhem as pessoas imigradas praticarem um acolhimento fraterno e legislarem para favorecer a sua inserção digna na sociedade, respeitando a sua legítima identidade”, apontou. Portugal é, como se sabe, um dos destinos privilegiados da imigração cabo-verdiana. Além destas considerações, Bento XVI pediu que sejam levados em linha de conta os desequilíbrios socio-económicos, os riscos da globalização ou as situações de violência, “factores importantes das migrações”. “A solidariedade internacional deveria permitir a cada um, na sua própria terra, viver com dignidade e aproveitar os dons que recebeu do Criador”, apontou. Afirmando que a Igreja Católica quer “contribuir para o desenvolvimento integral dos povos”, o Papa declarou que a pobreza em que vivem tantos homens e mulheres “não pode deixar de interpelar a consciência humana”. “O subdesenvolvimento não é uma fatalidade e deve ser enfrentado com determinação e perseverança”, indicou. Bento XVI deixou votos de que a solidariedade internacional, em particular para com a África, “conheça um novo dinamismo, a fim de que este continente, tão duramente provado, possa empenhar-se resolutamente no caminho do seu desenvolvimento integral, da reconciliação e da paz”.
