Bento XVI vai receber quinta-feira, no Vaticano, o chefe do departamento das relações externas da Igreja Ortodoxa russa, o Metropolita Kyrill. A sala de imprensa da Santa Sé adianta que se tratará de uma “audiência privada”. A viagem deste responsável à Itália prende-se com a consagração da primeira Igreja Ortodoxa russa construída em Roma. A melhoria das relações entre as duas Igrejas é evidente, apesar dos ortodoxos russos insistirem na tese de “proselitismo” dos católicos em territórios da antiga URSS. Um passo importante, para esclarecer esta polémica, foi dado na semana passada pela Santa Sé e o Conselho Ecuménico das Igrejas (CEI), ao lançar um projecto de estudo, de três anos, com o objectivo de elaborar um “código de conduta” comum para as Igrejas cristãs, a respeito da conversão de fiéis de outras religiões. O Código “vai estabelecer a distinção entre testemunho e proselitismo”, no respeito pela liberdade de pensamento, de consciência e de religião de cada ser humano. Recentemente, o Patriarca Ortodoxo de Moscovo, Alexis II, revelou, em entrevista, acreditar que Bento XVI será o Papa da “reviravolta ecuménica” na relação entre as duas Igrejas. “Esperamos gestos concretos para resolver as dificuldades existentes; queremos acreditar, por isso, que o pontificado de Bento XVI irá tornar-se célebre e será recordado”, adiantou. Os trabalhos da Comissão Mista Internacional católico-ortodoxa para o diálogo teológico foram reiniciados no ano passado após um longo interregno. O diálogo teológico oficial entre as duas Igrejas tinha ficado bloqueado desde a reunião celebrada no ano 2000, em Baltimore (EUA), por causa das divisões surgidas sobre o tema desse encontro, “Implicações teológicas e canónicas do uniatismo” – termo com o qual os Ortodoxos falam dos cristãos de países de tradição Ortodoxa que estão em união com o Papa. Estas divergências são particularmente graves no caso das relações entre o Vaticano e Moscovo, tendo impedido uma visita da João Paulo II à Rússia.