Helena Domingues incentiva ao acolhimento porque «qualquer um pode vir a ser refugiado»
Lisboa, 23 jun 2020 (Ecclesia) – A psicóloga Helena Domingues acompanha três famílias sírias refugiadas, acolhidas pela Fundação Salesianos em 2016, que “já conseguem sonhar e pensar num futuro” que lhes foi “negado” no seu país de origem, “de forma brutal”.
“Ter participado no processo de integração destas famílias, de as ver ser capazes de reconstruir as suas vidas, foi e continua a ser uma experiência única e inesquecível”, afirmou num testemunho enviado à Agência ECCLESIA pela Fundação Salesianos, no contexto do Dia Mundial do Refugiado que se assinala anualmente a 20 de junho.
A psicóloga do Serviço SolSal de Lisboa dos Salesianos contextualiza que começou “uma aventura” em março de 2016 com o “acolhimento de famílias de refugiados” pela Fundação Salesianos que recebeu três famílias “todas com crianças e jovens”.
Neste momento as famílias estão integradas na sociedade portuguesa, ainda constroem a sua autonomia. São acompanhadas pelo SolSal Lisboa – Serviço de Atenção à Família, da Fundação Salesianos, como todas as famílias portuguesas e migrantes, dentro das suas necessidades, sempre com o objetivo de conquistarem a sua autonomia”, desenvolve.
Helena Domingues recorda que a “maior dificuldade” foi a língua porque as famílias sírias “só falavam árabe” mas foi um “processo engraçado comunicar através do tradutor ‘Google’ e gestos”, enquanto as crianças “ao fim de algumas semanas de aulas já sabiam falar português”, o suficiente para se fazerem entender.
Era algo inédito para nós e para eles sobretudo no acolhimento da primeira família. Há vários anos que não viviam num país sem guerra, ou no caso das crianças, nem sequer se recordavam do que era não existir guerra. Tinham pavor de aviões, tiveram de aprender a ver os aviões como um meio de transporte de pessoas e mercadorias, deixar de ver os aviões como uma ameaça, que ao passar podem largar bombas”.
“Poder andar na rua e dar um passeio, ver polícias ou militares fardados sem se assustarem, porque não eram uma ameaça”, exemplificou, assinalando que quando os medos diminuíram “foi muito bom” ver que “conseguiam fazer amigos, criar laços, conviver com famílias portuguesas sem receio”.
Para a psicóloga do Serviço SolSal de Lisboa dos Salesianos “o melhor de tudo” é ver que estas famílias “já conseguem sonhar e pensar num futuro” que “lhes foi negado no seu país de origem de forma brutal”.
“Devemos acolher quem procura um lugar seguro para viver da mesma forma que gostaríamos um dia de ser acolhidos, pois nunca sabemos o que o futuro nos pode trazer. Qualquer um de nós pode vir a ser refugiado”, acrescenta.
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial do Refugiado a 20 de junho, no ano 2000; a Igreja Católica assinala o Dia Mundial do Migrante e Refugiado a 27 de setembro, este ano na sua 106.ª edição, que tem como tema ‘Forçados, como Jesus Cristo, a fugir’.
A Fundação Salesianos explica que acolheu três famílias de refugiados de acordo com a missão do Serviço SolSal que, “à luz da Espiritualidade e da Pedagogia Salesiana”, tem de “acompanhar e (trans)formar crianças e jovens em situação de vulnerabilidade, risco ou perigo e respetivas famílias”, aumentando os seus níveis de “resiliência” na construção da sua história de vida “para o seu desenvolvimento integral e participação cívica responsável e ativa como cristão e cidadão”.
CB