Médico questiona regresso ao tema, num meio de uma pandemia e de uma crise económica
Lisboa, 17 jun 2020 (Ecclesia) – O médico Maia Gonçalves disse à Agência ECCLESIA que o regresso do debate sobre a eutanásia ao Parlamento é “desajustado”, num momento de crise e com “trabalhos reduzidos”
“Nesta fase, era importante termos energias mobilizadas para outros alvos que não esse”, salienta profissional do hospital de Braga, que é o convidado da rubrica ‘Ninguém se salva sozinho’ que integra as Conversas na Ecclesia.
O internista destaca a vaga de responsabilidade cívica e de solidariedade intergeracional que ajudou Portugal a não escorregar para os números avassaladores registados noutros países.
“Uma das lições a tirar desta pandemia é a necessidade de acautelar melhor os grupos de maior fragilidade porque é isso que nos dá a nossa dimensão humana”, aponta.
Maia Gonçalves congratula-se com a declaração pública assinada por quinze professores catedráticos de direito público que manifestaram a inconstitucionalidade dos projetos que defendem a eutanásia.
“O Parlamento parece olhar a eutanásia como uma prioridade nacional, quando o país enfrenta uma pandemia e uma grave crise económica, acrescenta.
O grupo de trabalho sobre a “Despenalização da Morte Medicamente Assistida” (Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias) vai reunir-se esta quinta-feira para preparar a discussão e votação na especialidade das iniciativas legislativas sobre a liberalização da eutanásia em Portugal.
Em entreviesta à Agência ECCLESIA, Maia Gonçalves refere que o Serviço Nacional de Saúde mostrou ser uma instituição crucial para a saúde pública.
“Olhei com a admiração a construção de hospitais de campanha quando, em Estado de Emergência havia hospitais privados de portas fechadas” recorda.
O clínico reconhece, no entanto, a importância do setor privado na saúde e espera que ele seja importante para “o esforço de redução de listas de espera que se avolumaram nestes últimos meses”.
HM/OC