Relações entre a China e o Vaticano sofrem duro golpe

Cardeal de Hong Kong admite suspensão das negociações A China quebrou o clima de confiança que se vinha gerando nas negociações com o Vaticano ao ordenar, sem autorização do Papa, Bispos católicos no país. No passado dia 30 de Abril, o padre Ma Yinglin, de 40 anos, foi ordenado Bispo em Kunming, na província de Yunnan, no sudoeste do país. O sacerdote era secretário da conferência episcopal da Igreja “oficial”, colocada sob controlo do regime comunista. Quarta-feira tem lugar a ordenação doutro Bispo da Associação Patriótica Católica (APC), autorizada por Pequim: Liu Xinhong, administrador da diocese “oficial” de Wuhu, na província de Anhui (China central). Segundo a agência católica AsiaNews, especializada nas questões da China, Xinhong é uma pessoa “muito próxima do governo” e a sua ordenação episcopal tinha sido explicitamente rejeitada pelo Vaticano. Embora o Partido Comunista Chinês se declare oficialmente ateu, a Constituição chinesa permite a existência de cinco Igrejas oficiais (Associações Patrióticas), entre elas a Católica, que tem 5,2 milhões de fiéis. Segundo fontes do Vaticano, a Igreja Católica “clandestina” conta mais de 8 milhões de fiéis, que são obrigados a celebrar missas em segredo, nas suas casas, sob o risco de serem presos. Nos últimos meses, a APC lançou uma violenta campanha, destinada a evitar qualquer aproximação entre Pequim e o Vaticano. Vários contactos informais têm sido desenvolvidos desde que Bento XVI sucedeu a João Paulo II, fazendo do estabelecimento de relações diplomáticas com a China uma das suas prioridades, algo que a APC vê como um perigo para a organização. O “degelo” nas relações entre a China e o Vaticano, que já tinha sido confirmado pelo Secretário do Vaticano para as relações com os Estados, Arcebispo Giovanni Lajolo, fez com que o Vaticano não ordenasse Bispos da Igreja “clandestina” em troca da palavra final na ordenação dos Bispos da Igreja “oficial”. Após os acontecimentos deste fim-de-semana, o Cardeal de Hong Kong, D. Joseph Zen, defende que o Vaticano deve suspender as negociações para restabelecer relações diplomáticas com a China. “O Vaticano deve suspender (as negociações). (Pequim) aniquilou a confiança em si depositada. Negoceiam e depois colocam as pessoas perante um facto consumado. É verdadeiramente uma má conduta. É verdadeiramente desleal”, afirmou o Cardeal Zen.

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Agência ECCLESIA

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