D. Francisco Senra Coelho alerta autoridades para «consequências muito graves para a sociedade»
Évora, 05 mai 2020 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora afirmou hoje que as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) “vivem um momento sufocante” e “um número muito significativo vive do mealheiro”, por isso, pede “mais apoio, atento e constante” ao Governo e autoridades competentes.
“Gostaria de alertar as competentes autoridades neste âmbito que têm que ter uma sensibilidade atenta a este assunto que vive-se agora com consequências a breve prazo muito graves para a sociedade porque é muito grande o número de idosos ao encargo das Instituições Particulares de Solidariedade Social”, referiu à Agência ECCLESIA.
D. Francisco Senra Coelho observou que “um número significativo” de instituições são ligadas à Igreja Católica, mas “este problema é de todos”, também da família e da “responsabilidade do Estado Português” que tem uma missão de que “não se pode desvincular”.
O responsável católico alertou para o material que é necessário ter em reserva ,para proteção dos funcionários e utentes das instituições, “como o gel desinfetante, as máscaras, as luvas”, porque há instituições que “precisam de mais apoio, atento e constante, não episódico ou de nível publicitário, com dividendos políticos”.
A arquidiocese alentejana tem “várias dezenas” de centros sociais e paroquiais e “um número muito significativo” de Santas Casas da Misericórdia, “em serviço institucional de solidariedade”, que “na sua maioria estavam a viver momentos difíceis” no equilíbrio entre o que “é exigido em prestação de serviço à solidariedade e o contributo que chega nas participações de cada utente, através da Segurança Social”.
Os relatórios que chegam à arquidiocese mostram que um número muito significativo vive do mealheiro, daquilo que conseguiram como reserva para alguma situação de emergência. Já estavam com situação de grande aflição, e outras a viver momentos em que se via que o orçamento não tinha sustentabilidade”.
O arcebispo de Évora assinalou que as instituições “tiveram de assumir ainda maior responsabilidade”, com funcionários com “horários especiais”; por outro lado, “o encerramento dos centros de dia levou ao crescimento de pedidos de apoio domiciliário”.
Neste contexto, destacou o “contributo muito significativo” destas instituições de solidariedade social para que “não aumentassem o número de pessoas nos hospitais, nas morgues”, o que está relacionado “com o trabalho junto dos idosos retidos em situação de proteção nas instituições”.
“Tivemos momentos de preocupação em algumas instituições, centros sociais paroquiais, mas feitas as recolhas fomos consolados pelo facto de não haver contágio. Num centro social paroquial duas funcionárias foram infetadas e ficamos muito preocupados. Tudo tem sido muito controlado e no cumprimento das normas”, realçou.
D. Francisco Senra Coelho deixou também um “agradecimento a todas as instituições” e aos colaboradores que “num grande anonimato” têm uma ação “muito importante para equilíbrio da sociedade”, e no âmbito do Dia da Mãe destacou o “setor heroico que são as mulheres”, porque “fundamentalmente os funcionários destas instituições são senhoras”.
CB/OC