Primeiros diáconos permanentes em Santarém

Mensagem de D. Manuel Pelino Venho comunicar-vos uma boa notícia: No dia 7 de Maio próximo serão ordenados os primeiros Diáconos Permanentes para servir a nossa Igreja diocesana. Até agora temos ao serviço da Diocese de Santarém um Bispo, sucessor dos apóstolos, que garante a fidelidade da Igreja à fé apostólica e presbíteros que cooperam com o Bispo no serviço das comunidades cristãs. Daqui em diante teremos também Diáconos Permanentes. Ficamos, assim, com as três dimensões do sacramento da Ordem completas: Bispos, Presbíteros e Diáconos. Bispo e Presbíteros são sinais e instrumentos da presença de Cristo Pastor que guia e alimenta o Seu povo. Os Diáconos realçam a dimensão do serviço fraterno, tão importante na vida cristã, e tornam-se, deste modo, sinal de Cristo servo de Deus e dos homens. Os Diáconos Permanentes serão uma novidade na nossa Diocese. Mas, na realidade, são tão antigos como a Igreja. De facto, foram instituídos pelos Apóstolos em Jerusalém, logo nas origens do cristianismo, para organizar o serviço da partilha de bens com os necessitados (Cf Act 6, 1-6). Dedicaram-se também à pregação do Evangelho e à celebração do Baptismo (Cf Act 8, 4-8; 14-17). Na história da Igreja conservamos a memória de diáconos santos como Santo Estêvão (Jerusalém), São Vicente (Lisboa) e São Lourenço (Roma). Nalguns séculos apenas se ordenaram os diáconos de passagem para o presbiterado, deixando de funcionar os permanentes. O Concílio Vaticano II (1965), ao propor uma Igreja mais rica nas formas de participação de todos os fiéis, restaurou o Diaconado Permanente. Em muitas dioceses já estão a funcionar. Na nossa, andamos, há quatro anos, a preparar nove candidatos que irão agora ser ordenados. O documento do Concílio Vaticano II, “Lumen Gentium”, que recomenda a reinstauração do Diaconado Permanente, atribui-lhe as seguintes tarefas na Igreja: “Pertence ao diácono conforme as determinações da autoridade competente, administrar solenemente o Baptismo, conservar e distribuir a Eucaristia, assistir em nome da Igreja aos Matrimónios e abençoá-los, levar o Viático aos moribundos, ler a Sagrada Escritura aos fiéis, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à oração dos fiéis, administrar os sacramentais, e presidir aos ritos dos funerais e da sepultura” (LG 29) Os Diáconos Permanentes vêm assim enriquecer a capacidade de serviço da Igreja desempenhando múltiplas tarefas para as quais temos dificuldade em encontrar agentes qualificados. Podemos destacar as seguintes: * Promover e coordenar a caridade, ajudando a encontrar respostas para as novas formas de pobreza: acolhimento das pessoas; apoio aos que sofrem; administração do património e dos bens eclesiásticos. * Colaborar no anúncio da Palavra de Deus, sobretudo na formação cristã de adultos; no catecumenado para o Baptismo; na preparação dos pais para o Baptismo dos filhos; na preparação dos noivos para o Matrimónio. * Participar activamente no serviço da liturgia no âmbito das tarefas atribuídas pelo nº 29 da “Lumen Gentium”, atrás referido. * Animar a pastoral da família: preparação do matrimónio, já referida; promoção e acompanhamento dos Movimentos de Casais; apoio aos casais jovens; atenção e ajuda aos casais em dificuldade. O Diáconos Permanentes enriquecem a Igreja não só pelas actividades que realizam mas também pelo que são e significam, pela disponibilidade e humildade para servir, pela riqueza completa do sacramento da Ordem. Assim, a sua ordenação deve despertar em todo o Povo de Deus uma consciência mais viva e uma participação mais empenhada na missão da Igreja. Colocam, deste modo, alguns desafios a todo o povo de Deus da Diocese, como: * Participação mais activa e mais responsável dos fiéis na vida da Igreja. Os Diáconos não vêm dispensar outros possíveis colaboradores mas incentivar a uma participação mais generosa e mais responsável de todos. Eles consagram-se por um sacramento para servir o povo de Deus sem deixar as suas responsabilidades familiares, laborais e sociais. A Igreja é como um organismo que precisa da actividade de todos os membros: Bispo, Presbíteros, Diáconos, Religiosos, Leigos. Participar na missão da Igreja é colaborar com a acção do Espírito Santo que concede aos fiéis dons especiais para enriquecimento de todos, é reconhecer e dar espaço à variedade de carismas e ministérios. * Desenvolvimento do trabalho em equipa. Colaborar na Igreja é integrar-se em atitude de disponibilidade e de humildade na acção do Corpo de Cristo, é agir num organismo coordenado e unido, respeitando e valorizando as competências de cada um, acolhendo e promovendo a diversidade de tarefas. Nesse sentido, a colaboração dos Diáconos Permanentes vai dirigir-se não só a paróquias determinadas mas também a conjuntos de paróquias, às vigararias e à Diocese de modo a desenvolver a pastoral de conjunto. * Uma caridade mais actual, mais intensa e mais eficaz. A caridade é o sinal identificador do cristão que apoia e dá credibilidade ao anúncio do Evangelho. São muitas e variadas as formas de pobreza das pessoas da nossa sociedade. Além da pobreza material, por vezes aflitiva, encontramos também formas de pobreza cultural e espiritual. Os Diáconos Permanentes vêm convidar-nos a sair do nosso comodismo e individualismo para prestar mais atenção e ajuda fraterna aos necessitados. Vamos acolher em atitude de acção de graças estes novos ministros ordenados para servir o povo de Deus. Na nossa oração pelos servidores do Evangelho, vamos ter presente, daqui em diante, este grau do sacramento da Ordem pedindo ao Senhor pelos bispos, presbíteros e diáconos para que sejam fiéis à graça do sacramento e dispensadores qualificados dos mistérios da salvação. D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém

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Agência ECCLESIA

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