Igreja: Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada fala em quebra significativa no número de religiosas contemplativas

Vaticano acolhe conferência sobre monjas de clausura

Cidade do Vaticano, 30 jan 2020 (Ecclesia) – O prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada (Santa Sé) assumiu um “declínio muito grande” no número de religiosas de clausura na Europa.

“Na Europa, há um declínio muito grande. Há vocações, mas poucas. Muitos mosteiros permanecem vazios, não se sabe o que fazer, muitos bens são perdidos. A média de idade das religiosas na Europa é muito alta, nos próximos anos pensamos que a vida contemplativa possa diminuir em 50%”, refere o cardeal brasileiro D. João Braz de Aviz, em entrevista ao suplemento feminino do jornal ‘L’Osservatore Romano’.

O responsável do Vaticano refere que o Papa tem proposto medidas para combater o isolamento e criar relações mais fraternas.

“As estruturas são complexas e a mudança é lenta”, realça o cardeal Braz de Aviz, para quem “a vida contemplativa é um dos sinais mais bonitos de vida cristã consagrada”.

O Vaticano vai acolher de 31 de janeiro a 1 de fevereiro uma conferência com a presença das monjas de clausura, sobre questão específica da gestão dos bens e do património na vida contemplativa.

As religiosas vão participar na Missa a que o Papa preside na Basílica de São Pedro, este sábado, por ocasião do Dia Mundial da Vida Consagrada.

Em maio de 2018, o Vaticano publicou instrução ‘Cor Orans’, com novas regras para as religiosas de clausura, por solicitação do Papa, nas quais se pedem “sobriedade e critério” no uso dos media, para preservar o silêncio próprio destes mosteiros.

“A normativa sobre os meios de comunicação social, na grande variedade com que se apresentam atualmente, tem como objetivo a salvaguarda do recolhimento e do silêncio: é possível, efetivamente, vacilar no silêncio contemplativo quando se enche a clausura de ruídos, de notícias e de palavras”, pode ler-se.

A instrução ‘Coração Orante’ sublinha a necessidade de aceder à “devida informação sobre a Igreja e o mundo”, sabendo “escolher as que são essenciais”.

“Na vida contemplativa das monjas, merece uma particular atenção no aspeto da separação do mundo”, assinala o Vaticano.

O documento responde às indicações deixadas pelo Papa a 29 de junho de 2016, numa constituição apostólica que substitui o texto de 1950, do Papa Pio XII.

As novas regras sublinham a “real autonomia de vida” das religiosas de clausura, que devem ter capacidade de gerir os mosteiros em todas as suas dimensões.

O Vaticano exige como número mínimo para o reconhecimento canónico de um novo mosteiro a existência de oito monjas de “votos solenes”; quando um mosteiro autónomo tiver cinco ou menos religiosas de votos solenes perde o direito de eleição da sua própria superiora.

As normas, que tomam em consideração a um questionário enviado aos mosteiros de clausura do mundo inteiro, apelam a uma associação jurídica com os ramos masculinos da mesma família religiosa.

A Santa Sé sublinha a importância de unir os vários mosteiros autónomos numa Federação, segundo critérios geográficos, de “afinidade de espírito e de tradições” espirituais.

A instrução impõe mesmo a obrigação de que todos os mosteiros entrem numa Federação, no prazo máximo de um ano, face aos “problemas nascidos nos últimos anos” por causa do “isolamento” de algumas destas casas, salvo nos casos em que for concedida uma dispensa pela Santa Sé por razões “objetivas e justificadas”.

Outros temas em destaque são a gestão do património e a necessidade de uma formação adequada, propondo um caminho de 12 anos até à profissão de votos solenes, com quatro etapas: aspirantado, postulantado, noviciado e juniorado.

A clausura carateriza-se pela “profissão externa da disciplina religiosa que, através de exercício de piedade, oração e mortificação, nem como pelas ocupações a que as monjas têm de atender, está orientada para a contemplação interior”.

instrução da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada quer “confirmar o imenso apreço da Igreja pela vida monástica contemplativa”.

OC

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Agência ECCLESIA

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