Migrações: Papa alertou para falta de hospitalidade de «homens e mulheres» que fogem «da violência, da guerra e da pobreza»

Francisco assinalou que a hospitalidade é «uma importante virtude ecuménica»

Foto: Vatican News

Cidade do Vaticano, 22 jan 2020 (Ecclesia) – O Papa Francisco alertou hoje para os homens e mulheres migrantes “enfrentam jornadas arriscadas” para fugir “da violência, da guerra e da pobreza” e “experimentam indiferença, hostilidade”, numa catequese dedicada à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

“Muitas vezes não os deixam desembarcar nos portos. Infelizmente, às vezes eles também encontram a hostilidade pior dos homens. São explorados por traficantes criminosos. Hoje! São tratados como números e como uma ameaça por alguns governantes. Hoje”, disse o Papa, na audiência geral de quarta-feira.

Na Sala Paulo VI, Francisco afirmou que, “às vezes”, a falta de hospitalidade “rejeita” os “homens e mulheres migrantes” como “uma onda em direção à pobreza ou aos perigos dos quais fugiram”, como a violência e a guerra.

“Hoje, o mar em que Paulo e seus companheiros naufragaram é mais uma vez um lugar perigoso para a vida de outros marinheiros”, acrescentou.

A catequese do Papa centrou-se na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2020, que une milhões de pessoas de várias Igrejas, no hemisfério norte até dia 25 de janeiro, e recorda os migrantes e refugiados que são vítimas de naufrágios no Mediterrâneo, com uma proposta de reflexão preparado pelas comunidades do arquipélago maltês, a partir do relato bíblico do naufrágio de São Paulo II (século I), que o levou até à ilha de Malta, onde foi tratado com “invulgar humanidade”.

“Como cristãos devemos trabalhar juntos para mostrar aos migrantes o amor de Deus revelado por Jesus Cristo. Podemos e devemos testemunhar que não há apenas hostilidade e indiferença, mas que toda pessoa é preciosa para Deus e amada”, desenvolveu.

Segundo Francisco, as divisões que ainda existem entre os cristãos “impedem de ser plenamente o sinal do amor de Deus” e realça que trabalhar juntos para “viver a hospitalidade ecuménica”, especialmente para aqueles cujas vidas são mais vulneráveis, “fará de todos cristãos – protestantes, ortodoxos Católicos, todos os cristãos – melhores seres humanos, melhores discípulos” e um povo cristão mais unido.

O Papa destacou que a hospitalidade é importante e “é também uma importante virtude ecuménica”, significa “reconhecer” que os outros cristãos são “verdadeiramente irmãos e irmãs em Cristo” e explicou que “não é um ato de generosidade unidirecional”, porque quando se hospedam outros cristãos, são recebidos “como um presente”.

“Acolher cristãos de outra tradição significa, antes de tudo, mostrar o amor de Deus por eles, porque eles são filhos de Deus – nossos irmãos – e também significa acolher o que Deus realizou em suas vidas. A hospitalidade ecuménica exige disposição para ouvir os outros, prestando atenção às histórias pessoais de fé e à história de sua comunidade, uma comunidade de fé com outra tradição diferente da nossa”, desenvolveu.

A passagem bíblica escolhida para o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos 2020 foi tirada do livro dos Atos dos Apóstolos (27,18-28,10), com o tema “Demonstraram-nos uma benevolência fora do comum”.

“Hospitalidade espontânea e gestos de carinho comunicam algo do amor de Deus, e a hospitalidade dos ilhéus malteses é recompensada pelos milagres de cura que Deus opera através de Paulo na ilha”, referiu Francisco, assinalando que as pessoas da ilha de Malta, “estranhas” aos náufragos mas “atentas às suas necessidades”, “acendem uma fogueira, oferecem abrigo contra chuva e comida”.

O Papa disse aos peregrinos de língua portuguesa que “o Senhor convida a perseverar no caminho ecuménico” e no final da audiência enviou uma saudação pelo Ano Novo Lunar.

CB

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Agência ECCLESIA

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