D. António Couto fez a conferência inaugural no II Congresso Global de Direitos Humanos, que decorre em Lamego
Lamego, 16 Jan 2020 (Ecclesia) – O bispo de Lamego fez a conferência inaugural no Congresso Global de Direitos Humanos e disse à Agência ECCLESIA que a mudança das sociedades implica “voltar ao elementar”, “ir ao fundo das questões” e “lidar diretamente com as pessoas”.
“Temos de voltar ao elementar. Há que ir ao fundo das questões”, afirmou D. António Couto, sublinhando que “não são as regras, as leis, a orgânica” que transforma as sociedades, mas “a vida simples e direta das pessoas, o amor, a paz, a alegria”.
Para o bispo de Lamego, “tornar as pessoas boas” implica lidar “diretamente com as pessoas que podem ser más”, rejeitando disposições legais que as “mantenham à distância”, mesmo os que são considerados como “perigosos”.
“É um perigo o que às vezes as leis têm: manter as pessoas à distância, numa espécie de controlo legislativo ou militar ou policial e não temos contacto com elas. Nunca as ajudaremos a ser pessoas boas”, sublinhou D. António Couto.
O bispo de Lamego referiu também que Igreja Católica não pode continuar a fazer uma pastoral “tranquila”, “de sacristia”, e lembrou as ações de Jesus: “Ele não esteve a fazer cálculos; por sermos como Ele, que veio para o meio de nós, a Igreja tem a missão de ir para o meio das pessoas para ajudar, para as promover”.
“Temos de ir ter com as pessoas, idosos e doentes, mesmo correndo o risco de adoecer”, afirmou D. António Couto.
A cidade de Lamego acolhe, até dia 18, o II Congresso Global de Direitos Humanos, que conta com a participação de 70 especialistas, provenientes também de Espanha e do Brasil, que se vão centrar no tema «A defesa da Democracia e do Estado Constitucional: os desafios das organizações e da sociedade civil na contemporaneidade».
Presente na abertura do encontro, a secretária de Estado para a Integração e as Migrações, Cláudia Pereira, disse que falar sobre direitos humanos implica a “redução de desigualdades”.
A secretária de Estado enalteceu o contributo das Academias, do Estado mas também das organizações da sociedade civil.
“Muitas vezes é a elas que a população acorre em primeiro lugar e nos dão um sinal do que ainda há para melhorar. Também o papel das Universidades nos ajuda a pensar e este congresso reúne, de uma forma exemplar, académicos de origens diferentes que nos levam a pensar a melhor forma de implementar ações para reduzir as desigualdades”, notou.
Cláudia Pereira saudou a “vitalidade do interior ao acolher um congresso sobre este tema”, lançando desafios nas áreas de habitação, ensino e integração social.
“Falando de direitos humanos é muito fácil olhar para outros países onde os direitos ainda estão por cumprir mas é interessante olhar para Portugal onde o programa de governo tem ainda metas a atingir: uma delas a habitação. Há portugueses que vivem mais desfavorecidos social e economicamente e o abandono precoce escolar, com alguns portugueses imigrantes que não completam o ensino escolar obrigatório”, traduziu.
Presente na sessão inaugural, o presidente da Câmara Municipal de Lamego, Ângelo Moura, assinalou a constante “construção dos direitos humanos” e a “obrigação” de todos os cidadãos contribuírem para o aprofundamento democrático.
“É bom que cada um de nós pense que está nas nossas mãos a manutenção deste regime”, afirmou à Agência ECCLESIA.
O II Congresso Global de Direitos Humanos decorre no Teatro Ribeiro Conceição, em Lamego, e termina no próximo sábado, 18 de janeiro.
HM/LS/PR