«É um sofrimento enorme para aquelas pessoas e nós temos esta verba que não sabemos como vai ser» – D. Manuel Quintas
Loulé, 03 jan 2020 (Ecclesia) – O bispo do Algarve lamentou que não tenha sido possível ajudar as vítimas dos incêndios em Monchique com a verba angariada através dos donativos e desejou que se ultrapassem os “obstáculos que têm impedido” em 2020.
“Eu não percebo. Não sei porquê. Não quero acusar ninguém. Sabemos que isto é muito complicado, que há muita burocracia. É um problema quase maior do que os próprios fogos. É um sofrimento enorme para aquelas pessoas e nós temos esta verba que não sabemos como vai ser”, disse D. Manuel Quintas, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, em Loulé.
Segunda a informação enviada à Agência ECCLESIA, pelo jornal ‘Folha do Domingo’, o bispo do Algarve explicou que a Diocese do Algarve tem 113.820 euros, um valor que foi doado depois do fogo florestal na Serra de Monchique, que entre 3 e 10 de agosto de 2018, consumiu mais de 27 mil hectares, segundo o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais.
D. Manuel Quintas contabilizou que através do peditório promovido pela diocese juntaram 47.206 euros, o Santuário de Fátima doou 30 mil euros e a Irmandade dos Clérigos, da Diocese do Porto, 25 mil euros e recolheram 11 614 euros em doações particulares, transferidas para uma conta bancária solidária.
“Tenho de dar uma justificação a todas as pessoas que contribuíram para esta verba”, acrescentou na Eucaristia do dia 1 de janeiro, no santuário da Mãe Soberana.
Para o bispo do Algarve “não se percebe” a demora na ajuda às vítimas que passados 16 meses sobre o incêndio de Monchique ainda não tenha sido possível aplicar a verba angariada e desejou que em 2020 se ultrapassem os “obstáculos que têm impedido”.
D. Manuel Quintas referiu também que a Cáritas Portuguesa disponibilizou, “caso fosse necessário”, “uma verba que mais do que duplicada” a que foi doada à diocese algarvia para ajudar as vítimas do fogo, mas que, entretanto, teve de ser destinada em 50% para “outra urgência” resultante dos incêndios do último verão.
“Não estando construídas as casas, a Cáritas fica de «mãos amarradas»”, referiu, desejando que este ano a instituição gestora da quantia doada “possa aplicá-la segundo a intenção daqueles que foram os doadores”.
Entre 3 e 10 de agosto de 2018, o incêndio destruiu 74 casas, das quais 52 habitações são elegíveis para receberem apoio do Estado para a sua construção ou recuperação.
O jornal ‘Folha do Domingo’ contextualiza que após a ocorrência tinha sido anunciado que a verba doada à Diocese do Algarve, seria gerida pela Cáritas Diocesana, que a canalizaria sobretudo para apoio não incluído no programa estatal ‘Porta de Entrada’, nomeadamente para o reequipamento das habitações com novas mobílias e novos eletrodomésticos, bem como para reposição de equipamento agrícola destruído.
O incêndio que começou na zona da Perna Negra, em Monchique, na Diocese do Algarve, afetou também o concelho vizinho de Silves, e os municípios de Portimão e de Odemira, já no Distrito de Beja.
Na primeira Missa do novo ano e Dia Mundial da Paz, D. Manuel Quintas exortou também à “corresponsabilização de todos na construção da paz”.
CB/OC