Evangelizar pelo jornalismo

A Comunicação Social é, para os Combonianos, um verdadeiro projecto missionário. O provincial da Congregação em Portugal, Pe. Manuel Pinheiro, fala com a Agência ECCLESIA sobre a importância deste “jornalismo de causas” Agência ECCLESIA – A vasta presença dos Combonianos no mundo dos Media tem a ver com um projecto de Missão em específico? Pe. Manuel Pinheiro – Sim, para nós os meios de comunicação social são importantíssimos na actividade missionária. São Daniel Comboni, o nosso fundador, ao querer actuar num mundo tão complexo como foi o da África no seu século, utilizou todos os meios para sensibilizar a sociedade civil e a Igreja para as problemáticas da época. Os media são, de facto, meios para a animação missionária, para alentar a Igreja local a abrir-se à dimensão “ad Gentes”, à comunhão e à partilha com todas as Igrejas e a sociedade em geral. AE – Essa presença passa ainda pela formação de comunicadores… MP – Sim, onde quer que possamos, somos convidados a avançar na formação de pessoas que se especializem nos campos dos mass media. Essa opção é um ponto assente nos documentos da Congregação. AE – Em países onde a Missão é mais difícil, tem cabimento utilizar os meios de comunicação social para o primeiro anúncio do Evangelho? MP – Sem dúvida, porque os media chegam a muita gente e de várias formas, atingindo um público muito vasto. Muitas vezes, mesmo que não seja por razões de fé, conseguimos chamar a sua atenção por razões de solidariedade, alertando para as problemáticas do nosso mundo. Sabemos que todas as pessoas são sensíveis aos problemas da sociedade, embora não nos fiquemos pelas temáticas sociais. Esta é, muitas vezes, a primeira forma de entrarmos em comunhão com pessoas de todos os estratos sociais, culturais e religiosos, é uma chave de entrada. AE – Os media servem, então, para a animação missionária? MP – Essa é uma parte fundamental do nosso carisma, que passa pela formação das consciências e também pela informação, que pode tornar-se uma denúncia profética das situações que afligem a humanidade. Há, depois, uma proposta de solidariedade, de oração, de partilha, para com a Igreja e a sociedade. Apresentamos, ainda, uma proposta explícita da dimensão missionária em todas as suas formas. AE – Em países como o nosso, a chamada imprensa missionária procura despertar interesse sobre assuntos muitas vezes esquecidos, a Sul do mundo. Porquê? MP – Bom, a nossa sociedade é dita cristianizada, mas é cada vez maior a dicotomia entre a vida e a fé, tem-se vindo a perder o sentido de comunhão e de partilha. Queremos ser instrumento para renovar as consciências adormecidas, sobretudo para que os cristãos descubram a sua identidade missionária. AE – Como se podem convencer as pessoas a olhar para esta presença missionária na comunicação social? MP – É importante que as pessoas percebam que hoje há muita informação sobre muitas coisas, mas não há sensibilidade para a temática concreta da evangelização. A comunicação social parece estar subordinada aos temas que interessam às grandes potências do planeta, esquecendo situações graves e alarmantes para as quais é preciso chamar a atenção. A informação pode ser mais do que a divulgação de notícias, pode ser a denúncia profética, a formação das consciências, e esse trabalho é feito a partir das nossas revistas e de muitas outras, de forma específica. É preciso saber fugir do sensacionalismo e ir ao encontro de situações de injustiça gritante, de conflito, para criar atitudes novas.

Partilhar:
Scroll to Top