COP25: «Temos todas as evidências para agir, agora» – Plataforma Portuguesa das ONGD

Ana Patrícia Fonseca participa em Madrid na Conferência que quer pressionar países emissores a encontrar «balizas políticas e mecanismos» sustentáveis

Madrid, 04 dez 2019 (Ecclesia) – A representante da Plataforma Portuguesa das ONGD na Conferência da ONU sobre o Clima (COP25), Ana Patrícia Fonseca, disse à Agência Ecclesia que se vivem, em Madrid, dias de “grande expetativa” e de “apelo da urgência na ação”.

“Ouve-se, nas conversa de corredor, que esta é uma COP preparatória do próximo ano, da COP 26, onde, aí sim, se vão pedir a todos os países que atualizem as suas contribuições determinadas a nível nacional. Mas a verdade é que esta COP é mais do que preparatória porque é aqui que se vão definir as balizas políticas, regras, mecanismos e instrumentos”, disse à Agência ECCLESIA a responsável pelo departamento de educação para o desenvolvimento e Advocacia Social da ONGD Fundação Fé e Cooperação.

A participante portuguesa dá conta que os 196 países chegam à COP “com todas as evidências científicas, com as soluções técnicas para resolver o problema e com caminhos dados pelos povos indígenas que nos mostram como viver com as alterações climáticas”.

“É agora o tempo de agir”, afirmou.

“Nós já sabemos o que temos de fazer: a sociedade civil, os governos, as empresas todas sabem qual o seu papel, resta agora agir”, sublinha Ana Patrícia Fonseca que juntamente com Maria Marques, da FEC, representam a Plataforma Portuguesa das ONGD, na delegação portuguesa a participar na COP25.

Nesta conferência, é grande a expetativa em torno dos países do G20: “Espera-se um contributo mais ambicioso, sobretudo dos países que não estão a cumprir os compromissos que assumiram na redução do deficit das emissões de carbono”.

Com a entrada do Acordo de Paris, marcado para 2020, que vai reger as medidas de redução de emissão de gases estufa para controlar o aquecimento global abaixo de 2 ºC, “espera-se que sejam sinalizadas as regras concretas da sua implementação”.

Ana Patrícia Fonseca destaca também a necessidade de serem “reforçados e simplificados os mecanismos de financiamento do combate às alterações climáticas, nomeadamente, as regras relativas aos mercados de carbono”.

Por último, há a expetativa de uma “revisão e operacionalização do mecanismo de Varsóvia que prevê o cálculo das perdas e danos para compensar as pessoas afetadas pelos desastres climáticos”.

A participante portuguesa explica que o “maior apelo” evidencia o desafio do Papa Francisco, que esta manhã, durante a audiência geral das quartas-feiras, questionou a vontade política para cumprir os acordos.

“O Papa Francisco é uma das vozes que a nível mundial mais tem alertado a comunidade internacional para este problema e a sua encíclica «Laudato Si» é um grande exemplo da sua voz nesta matéria”, sublinha.

A capital espanhola acolhe, até ao dia 13, a Conferência da ONU sobre o Clima, inicialmente prevista para o Chile, mas dada a crise social, foi transferida para Madrid.

Esta sexta-feira, a discursar na COP25, estará a jovem ativista Greta Thunberg, um “bom exemplo de um ativismo jovem, informado e capaz de mobilizar outros jovens”.

“A sua passagem por Lisboa é circunstancial mas é simbólica, mobilizadora e inspiradora para os tantos jovens que em Portugal se revêm nos apelos que faz. É uma feliz coincidência; os jovens receberam-na de forma tão calorosa, precisamente porque ela é um exemplo de uma jovem ativista, informada capaz de mobilizar e informar outros jovens”, traduz.

Ana Patrícia Fonseca sublinha a importância de formar uma sociedade civil.

“Toda a mobilização da sociedade civil traz pressão. Preferido uma sociedade civil informada e mobilizada e que pressione do que uma sociedade civil inoperante. Acredito muito no poder da sociedade civil capaz de informar e passar mensagens positivas e que apelam a uma ação forte e urgente”, conclui a representante da Plataforma Portuguesa das ONGD na Conferência da ONU sobre o Clima

LS/PR

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Agência ECCLESIA

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