«O fenómeno migratório, que é tão intrínseco à humanidade, deveria ser vivido de uma forma mais positiva» – Eugénia Costa Quaresma
Atenas, 28 nov 2019 (Ecclesia) – A diretora da Obra Católica Portuguesa das Migrações (OCPM) disse hoje que, mais do que “crise migratória”, os responsáveis na Igreja Católica por este setor acentuam a necessidade de valorizar a “solidariedade europeia”.
“O fenómeno migratório, que é tão intrínseco à humanidade, deveria ser vivido de uma forma mais positiva, com menos medos e politização”, afirmou Eugénia Costa Quaresma em declarações à Agência ECCLESIA.
A diretora da OCPM lembra que, nesta “crise da solidariedade”, a Grécia, Itália e Malta “ficaram um pouco sozinhos no acolhimento de emergência de refugiados”.
‘As comunidades locais como modelo de acolhimento e integração na Europa’ é o tema do encontro de diretores das Migrações do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), que decorre desde dia 23, e termina esta sexta-feira, em Atenas, a capital grega.
“Ficamos com uma visão global e também com uma ideia daquilo que está a ser feito e do bem que está a ser feito. Temos países mais emissores de emigrantes, países de trânsito e países de destino, e a partir destes diferentes contextos fazemos a partilha que é muito rica”, desenvolveu.
Eugénia Costa Quaresma destaca, relativamente à opinião pública e às políticas, que “existe alguma ambivalência” na opinião pública e nas políticas umas “são de hostilidade” e outras, como em Portugal, “reconhecem o valor e a importância das migrações” e não se escusam da “responsabilidade humanitária no acolhimento”.
“O apelo é este diálogo que tem de haver, as conferências episcopais e os governos mais hostis ou opinião pública que está mais hostil, e o trabalho que precisam de fazer”, acrescentou, assinalando a “responsabilidade” das Conferências Episcopais desses países em “recordar os princípios e valores da Doutrina Social da Igreja e do Evangelho”.
Os diretores das Migrações da CCEE falaram das suas realidades, que deu “panorama daquilo que está a acontecer atualmente na Europa”, e a diretora da OCPM explicou que em Portugal existem “todas as realidades”: “Refugiados e requerentes de asilo, emigrantes que estão na diáspora, pessoas vítimas de tráfico, trabalho com os imigrantes”.
“Com as nossas comunidades emigrantes a realidade é mais como podemos melhorar o aspeto da integração, de alguns serviços, nomeadamente do Estado que têm esta missão”, referiu, acrescentando que um dos aspetos que a Obra Católica tem de “evidenciar” é o “potencial evangelizador das comunidades católicas na diáspora e das comunidades migrantes dentro de Portugal”.
Neste contexto, lembra que há “várias iniciativas em Portugal que ajudam a esclarecer e sensibilizar” para a migração, “não só da parte da Igreja Católica”, mas também universidades e associações como o encontro deste sábado, ‘A Travessia: Refugiados climáticos – Que futuro?’, entre as 09h00 e as 16h30, na Fundação Calouste Gulbenkian.
“Os migrantes contribuem para que a Igreja seja verdadeiramente católica, não são só sujeitos que recebem mas também que ajudam a ser cristão e dão testemunho importante”, salientou, adiantando que uma das conclusões é “ler o fenómeno migratório à luz da missão da Igreja”.
Eugénia Quaresma destaca que fizeram o “percurso invisível da Grécia” com um guia que teve um período que viveu em situação de sem-abrigo, “tinha uma vida próspera” mas foi afetado “pela crise que atingiu a Grécia, Portugal e outros países”, e foi ajudado por um programa semelhante ao ‘Cais’ em Portugal.
Desde o dia 23, o programa em Atenas tem sido variado, de partilha, testemunho, oração, e conhecimento da realidade helénica, e da realidade ecuménica, o trabalho desenvolvido entre a Cáritas Grega e a Igreja de Rito Arménio.
CB/PR