Sacerdote português, um dos assistentes da Secretaria Geral, projeta debate sobre ordenação de homens casados nas comunidades indígenas
Lisboa, 03 out 2019 (Ecclesia) – O padre Sérgio Leal, único português entre os participantes no próximo Sínodo especial sobre a Amazónia, disse à Agência ECCLESIA que o encontro vai “repensar a ministerialidade”, sem “isolar” a questão da ordenação de homens casados.
“Temos comunidades na Amazónia que celebram a Eucaristia uma vez por ano. Esta é uma real necessidade. Por outro lado, temos a questão de não ser novidade haver padres casados na Igreja Católica; de um modo simples, podemos colocar uma questão para ajudar à reflexão: o que é que entendemos ser mais importante, a Eucaristia dominical ou o celibato sacerdotal? Não quer dizer que as coisas se excluam, quer dizer que é necessário repensar”, assinalou o sacerdote da Diocese do Porto.
O documento de trabalho para o Sínodo especial dos Bispos de 2019, divulgado pelo Vaticano, admite a ordenação sacerdotal de homens casados, “preferencialmente indígenas”, tendo em vista a celebração dominical da Eucaristia nas regiões mais remotas da Amazónia.
O mesmo texto alerta para as violações dos direitos dos indígenas e os atentados contra a natureza.
Segundo o padre Sérgio Leal, a forte presença católica no terreno traz “necessariamente um contacto com as questões políticas”, admitindo “tensões”, mas também expectativas positivas sobre este esforço de “procurar os novos caminhos da Igreja para a Amazónia”.
“Há duas linhas muito importantes neste sínodo: por um lado, procurar os novos caminhos da Igreja para a Amazónia, como evangelizar a Amazónia numa resposta incarnada na realidade concreta, com uma grande preocupação ecológica – como o Papa Francisco tem falado, de uma ecologia integral”, precisa, em entrevista que é hoje transmitida no Programa ECCLESIA (RTP2).
O sacerdote português vai estar empenhado em questões de logística e acompanhamento dos trabalhos, particularmente dos bispos brasileiros, durante essa assembleia especial que decorre entre 6 e 27 de outubro, no Vaticano.
“A grande novidade que este Sínodo nos poderá trazer, com um impacto para a Igreja universal, é esta capacidade de conhecer a realidade concreta e responder a reais exigências”, complementa.
A região pan-amazónica tem uma extensão de 7,8 milhões de km2, incluindo áreas do Brasil, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa; dos seus cerca de 33 milhões de habitantes, 3 milhões são indígenas pertencentes a 390 grupos ou povos.
OC