Bispo auxiliar do Porto prefere a «quietude da montanha»
Lisboa, 08 ago 2019 (Ecclesia) – D. Armando Esteves, bispo auxiliar do Porto, diz que “não sabe estar parado” nos dias de descanso e tem preferência pela montanha, procurando dar um “sentido muito espiritual” às férias.
“Não gosto de estar muito tempo no mesmo sítio, se estiver na praia é uma manhã ou uma tarde… férias é essa possibilidade de fazer coisas que não faço ao longo do ano, por exemplo passar tempo com a família, e tenho uma família muito grande, aproveito para visitar amigos, não paro muito tempo…”, disse à Agência ECCLESIA.
Para D. Armando Esteves, férias são “sempre uma palavra mágica”, mas tem uma “forma muito própria de fazer férias”, onde a natureza ganha “à monotonia do mar”.
“De longe mais natureza, uma das minhas paixões é a montanha. Até tenho família que vive à beira-mar, para dizer mais propriamente em Afife, um sítio paradisíaco, mas se passar dois dias seguidos ali é muito, o mar cansa-me, é monótono… Quando passo uma tarde ao pé do mar, vou para as rochas, levo o meu livro e a minha toalha e vou sozinho… seja poesia ou prosa”, confessa.
Nestas suas primeiras férias enquanto bispo, D. Armando desvendou que leva para férias o livro “Mar”, de Sophia de Mello Breyner, mas também vai aproveitar para saber mais da diocese onde está agora, o Porto.
“Vir para o Porto faz-me descobrir mais sobre o mar… e este ano vou levar umas coisas aqui do Porto, ofereceram-me as obras de dr. Arnaldo Pinho, são durinhas, mas vou levar duas obras e depois vou levar também a biografia e pensamento de D. António Ferreira Gomes”, revelou.
Durante o dia não para muito no mar porque a “mistura de sal e sol” não o seduz preferindo a calma da montanha.
“Gosto mais da quietude do monte, da montanha, do fresco a 2, 3 ou 4 mil metros de altitude, onde possa ver o mundo cá em baixo onde me mexo todos os dias, vê-lo do alto, quase sem defeitos…”, afirma.
É no seu dia-a-dia que encontra formas de descansar e nunca viveu seduzido por ter férias, mas, nesse tempo, procura sempre a componente espiritual.
Há umas férias que me marcaram, ainda não era padre, fui com quatro seminaristas pela Europa, neste sentido de liberdade. Chegámos a uma cidade francesa, e a primeira coisa que fizemos foi procurar uma capela para ir à missa, sempre dei um sentido muito espiritual ao fazer férias… Para mim, recompor-me também tem uma componente espiritual, que levo sempre comigo, e hoje também, aí é que me recomponho, fazendo bem a minha vida espiritual, serenando sem preocupações, se não me encontro com Deus não descanso”.
O prelado, de 62 anos, gosta “muito da música de Mariza” e irá ouvir música nas férias mas atualmente ouve “música de fundo”, enquanto lê, e sai das “rádios que têm publicidade ou notícias”.
“Momentos em que me sinto que plenamente eu e plenamente de Deus, situações em que sinto que a minha vida está a ser muito útil, supero totalmente os meus cansaços e prisões, sejam momentos de oração ou de ajuda a alguém… isso deixa-me descansado e em comunhão comigo mesmo e com os outros. Ali Deus completa em mim a vontade de descansar”, refere.
Olhando para o programa das férias deste ano, o bispo auxiliar do Porto confessa ter as férias “complicadas”, dado que em setembro terá o “encontro com novos bispos em Roma” ao longo de dez dias.
“Gosto de procurar um bom jogo de futebol, um cinema fora, experiências com os sobrinhos, por exemplo, ou com colegas. Ainda vou passar uns dias fora com mais dois bispos, tudo isto são sempre oportunidades que Deus nos dá fantásticas no dia a dia”, remata.
A entrevista a D. Armando Esteves pode ser ouvida esta quinta-feira, pelas 22h45, no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública.
LFS/SN