Igreja: «Aumento indescritível da pobreza» centrou atenções na assembleia geral da Cáritas Internacional

Eugénio Fonseca, presidente do organismo em Portugal, analisou as conclusões do encontro de Roma

Lisboa, 30 mai 2019 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa disse que a batalha contra a pobreza está a falhar, assim como a luta contra as desigualdades sociais e a destruição dos recursos naturais, que coloca em risco as gerações vindouras.

Os três pontos estiveram em destaque na recente assembleia geral da Cáritas Internacional, que decorreu em Roma entre 23 e 28 de maio, de onde saiu a necessidade de um maior “compromisso” por parte da organização católica no desenvolvimento do seu trabalho junto das comunidades mais carenciadas.

Eugénio Fonseca, que liderou a comitiva portuguesa presente no evento, destacou hoje, em declarações à Agência ECCLESIA, os dados deixados na assembleia pelo representante da FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, que apontou para um “aumento indescritível da pobreza” no mundo.

“Ficámos perplexos porque face aos Objetivos do Milénio tudo apontava para uma redução da pobreza e, contrariamente, esta está a aumentar”, referiu aquele responsável, que salientou também a questão da depauperação dos bens naturais da Terra, uma questão que vai ter repercussões “a médio prazo e não daqui a um ou dois séculos”.

De acordo com o presidente da Cáritas Portuguesa, este contexto motivou as várias organizações católicas a olharem para dentro, para aquilo que podem fazer “em Igreja” para progredir neste “combate”, nomeadamente através de um trabalho mais em rede, e com “uma partilha maior por parte das Cáritas com mais meios financeiros”.

Eugénio Fonseca realçou que, apesar de estar incluído no grupo dos chamados países desenvolvidos, Portugal continua a debater-se com inúmeras dificuldades.

Não podemos esquecer que o nosso país tem mais de dois milhões de pobres. É certo que o desemprego tem vindo a baixar, mas o trabalho que se alcança é muito instável, e mesmo o número de desempregados, que ainda subsiste, é também preocupante”.

Acompanhar e apoiar a missão que é desenvolvida pelas 20 Cáritas diocesanas tem sido uma prioridade, já que “umas estão mais carentes de meios do que outras”, acrescentou.

Quanto à questão da aplicação dos fundos, Eugénio Fonseca realça que “a Cáritas tem vindo a fazer um esforço em todo o mundo, e também aqui em Portugal, para criar mecanismos de maior transparência na aplicação dos fundos que lhes são confiados a favor dos pobres”.

Recentemente a Cáritas Portuguesa contou com a visita do presidente da Cáritas Internacional, agora reconduzido no cargo.

O cardeal Luis Antonio Tagle veio a Portugal para presidir à peregrinação internacional de maio ao Santuário de Fátima, mas reservou espaço na sua agenda para conhecer a realidade da Cáritas nacional e de várias delegações diocesanas.

Segundo Eugénio Fonseca, a presença do presidente da Cáritas Internacional “foi um revigoramento” para todos quantos se empenham no país ao serviço da caridade, e permitiu “analisar quais os caminhos a trilhar para ir ao encontro das preocupações atuais” da organização católica, e que marcaram agora a assembleia geral em Roma.

“Compete-nos agora a nós tirar os benefícios que a visita trouxe para que ela não seja inútil”, completou o presidente da Cáritas Portuguesa.

JCP

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Agência ECCLESIA

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